CASCAVEL

Centro de Cirurgias Eletivas: HUOP faz licitação para “iniciar os procedimentos”

Há anos o HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) se prepara para abrir um Centro de Cirurgias Eletivas para aliviar a demanda

HUOP RAFAEL MUNIZ
Diretor-geral do HUOP, Rafael Muniz de Oliveira. Foto: Paulo Eduardo/O Paraná

A demanda reprimida de cirurgias eletivas é histórica na saúde pública municipal e estadual. A pandemia da Covid-19 veio inflar ainda mais a fila de pacientes que aguardam meses e até anos para conseguir realizar um procedimento que acaba ficando em “segundo plano” quando um paciente do setor de urgência e emergência precisa ser atendimento de forma mais rápida com situações de risco à vida. Não são poucas vezes que pacientes preparados para cirurgia, acabam sendo “deixados” para que o paciente da urgência seja atendido.

Há anos o HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) se prepara para abrir no prédio que foi construído para abrigar a Ala de Queimados um Centro de Cirurgias Eletivas para aliviar a demanda reprimida, uma das bandeiras dos serviços de saúde da cidade. Desde a pandemia o espaço abriga leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), primeiro para pacientes da Covid-19 e depois da pandemia continuou atendendo as situações em geral.

Neste mês foi lançada a licitação para a contratação de uma empresa terceirizada que fará a administração do espaço, desde a colocação dos equipamentos necessários, até a contratação dos profissionais para fazer as cirurgias. A reportagem do Jornal O Paraná conversou com o diretor-geral do HUOP, Rafael Muniz de Oliveira, que explicou que a licitação já teve uma empresa ganhadora e que está em análise documental. Terminando os trâmites burocráticos e assinando o convênio, a empresa terá 30 dias para iniciar os atendimentos.

Segundo Muniz, este é o primeiro contrato de terceirização de serviços do HUOP, uma parceria com a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) que fará o pagamento de acordo com a demanda de cirurgias realizadas. Pela licitação são dois lotes: o primeiro das eletivas no valor total de R$33.651.611,40 para a realização de 3120 cirurgias de cirurgia geral, ortopedia, urologia e vascular. O valor unitário varia de R$3.128,22 a R$ 17.569,63 dependendo do procedimento.

“Tivemos uma empresa vencedora que ofereceu 13% a menos do valor total e passando na análise já faremos a assinatura do contrato”, explicou Muniz. A empresa é a Centro Integrado em Saúde Ltda, da cidade de Santa Mariana e neste valor ainda existe um desconto de 6% referente aos serviços que serão oferecidos pelo HUOP como enxoval, alimentação dos pacientes, recolhimento de lixo hospitalar e a limpeza. Todo o restante de serviço necessário, inclusive equipamentos é de responsabilidade da empresa vencedora.

A novidade desta licitação, conforme Muniz é que, além das eletivas o segundo lote contempla a realização de pelo menos mais mil procedimentos de cirurgias de urgência e de emergência que visam “aliviar” o Pronto Socorro do hospital que é sempre um grande gargalo para a instituição. Para este lote o valor previsto é de R$5.399.170,00 para os mil atendimentos. “A empresa vai recebendo de acordo com os serviços prestados, mas somos nós do hospital que faremos essa administração dos pacientes por meio do Núcleo Interno de Regulação”, explicou Muniz.

Ele reforçou que este é um grande ganho para o hospital, visto que os 33 leitos do pronto socorro sempre estão bem acima da capacidade e com este aporte da empresa terceirizada, a ideia é que não haja mais as “famosas” superlotações de corredores, benefício para os pacientes e para os funcionários que conseguem dar um tratamento melhor a todos e melhorar o atendimento da macrorregião que atende mais de dois milhões de habitantes.

Eletivas

Conforme Muniz, atualmente existe uma demanda reprimida no HUOP de pelo menos 3,8 mil procedimentos nestas áreas que estão sendo terceirizadas e que dentro do hospital eles conseguem realizar apenas 129 procedimentos ao mês, 80 de baixa e média complexidade e 49 de alta complexidade, de forma remunerada, valor repassado pela Sesa e que, além disso, existem as cirurgias gerais. Para se ter uma ideia, em maio foram feitas 580 cirurgias dentro do hospital, sendo apenas 129 eletivas.

“Não temos mais espaço e nem recursos para ampliar, mas com o centro teremos como reduzir e quase zerar essa demanda reprimida”, disse Muniz. Ele explicou que toda a estrutura que atualmente funciona neste prédio que vai abrigar o Centro de Eletivas passará para a ala materno-infantil, inaugurada recentemente e que tem ainda um terço do espaço disponível. O prédio conta com três andares, sendo ao todo 5.127,54 m² de construção, totalizando 70 leitos adultos e 98 berços. A construção começou em 2015 e somente este ano é que foi entregue. No hospital, são realizados em média 350 partos todos os meses.

 “Assim que assinarmos o contrato que deve ocorrer em breve já iniciamos a mudança de um local para o outro”, disse ele. Sobre o valor, ele lembrou ainda que se refere a 150% da tabela SUS (Sistema Único de Saúde) para que haja interesse para as empresas participarem e conseguirem cobrir os custos e também ter um incentivo para fazer o pagamento dos profissionais, já que atualmente o hospital está impedido de remunerar por produção.

Outro fator importante citado por ele é que quem ganha com o centro é a população de toda a macrorregional que terá um atendimento mais rápido e com a criação do local se implanta um novo modelo, aumentando ainda a capacidade de atendimento do hospital que saltou de 2020 de 230 para 355 leitos ao todo. Somente de leitos de UTI passou de 14 para 60 no geral.

O hospital conta ainda com centro cirúrgico, centro obstétrico, UTI adulto, pediátrica, neonatal, pronto-socorro, diagnóstico por imagem, radiologia e banco de leite humano.

No Paraná

O Paraná registrou um aumento na média mensal de procedimentos cirúrgicos eletivos, ambulatoriais e hospitalares, feitos pelo SUS no primeiro quadrimestre deste ano. Foram realizados 282.116 procedimentos de janeiro a abril, o que resulta em média de 70,5 mil cirurgias por mês, um aumento de 43,74% em relação à média registrada no ano inteiro de 2023, que foi de pouco mais de 49 mil cirurgias por mês (com total de 588.795 procedimentos no ano).

Em relação ao primeiro quadrimestre de 2023, a elevação é de 12%: de janeiro a abril do ano passado a média foi de 62.869 por mês (um total de 251.476 cirurgias). O aumento no número de cirurgias está diretamente ligado com o Programa Opera Paraná, que visa acelerar a realização de procedimentos cirúrgicos eletivos e diminuir as filas de espera, com credenciamento de procedimentos em hospitais privados e filantrópicos.