Mais de quatro anos depois do início da pandemia de Covid-19, o pesadelo passou, a liberdade voltou e a economia começou a dar sinais de recuperação, mas o vírus ainda está circulando em nosso meio. Em Cascavel foram registrados 94.656 casos da doença e 1.319 mortes desde o início da pandemia até o último dia 07 de setembro, conforme informe epidemiológico emitido pela Secretária de Saúde do município.
Os dados levantados, segundo o informe, “demonstram que o coeficiente de incidência em Cascavel, de casos confirmados de Covid-19 é maior que o do Brasil e do Estado do Paraná; já a letalidade do município está menor que no Brasil e do Paraná, o que demonstra uma taxa de recuperação alta da doença”.
Em Cascavel
Dos 5114 exames laboratoriais realizados em pacientes com sintomas respiratórios em Cascavel de janeiro até a primeira semana de setembro, 760 resultaram positivo para Covid-19 – que continua sendo a doença respiratória predominante. Dos demais resultados, 19 foram positivo para adenovírus, 219 para rinovírus, 145 para vírus sincicial, 172 para influenza A, oito para influenza B e 20 para metapneuno.
No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) iniciou, em 2000, a implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica da Influenza em âmbito nacional, incluindo a vigilância de Síndrome Gripal (SG) em Unidades Sentinelas. O principal objetivo dessa vigilância é a identificação dos vírus respiratórios em circulação no país, além de permitir o monitoramento da demanda de atendimentos por SG. Em Cascavel as três unidades de pronto atendimento – UPA Brasília, UPA Tancredo e UPA Veneza são habilitadas como unidades sentinela da síndrome gripal.
Neste ano, em Cascavel, dos 479 casos notificados confirmados para Síndrome Respiratória Aguda Grave, 32 foram a óbito. Sendo que ainda, no mesmo período, dos internamentos com algum vírus respiratório confirmado, residentes em Cascavel, 19,62% (94 casos) evoluíram para internamento em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
A maioria dos pacientes que foram a óbito tinha alguma comorbidade, sendo que 24 possuíam também doença cardiovascular, oito doença pulmonar crônica, seis tinham alguma doença neurológica, seis diabetes e cinco tinham hipertensão arterial sistêmica. Conforme o boletim, “isso reforça a necessidade de manter os cuidados integrais aos doentes crônicos. Evitando que as doenças de base fiquem descompensadas, o que pode causar um agravamento em casos de Covid-19”. Os gráficos contidos no informe também confirmam que 88,46% dos óbitos ocorreram em pessoas com 60 anos ou mais. Portanto se mantém a leitura inicial da doença, onde apesar de os jovens adoecerem mais, as pessoas pertencentes aos grupos de riscos e os idosos são as que desenvolvem a forma grave das doenças, podendo apresentar sequelas ou evoluir para a morte.
Dos 24 óbitos confirmados por Covid-19, quatro foram registrados no Morumbi, na região Norte de Cascavel, perfazendo o maior número em um mesmo bairro.
Sobre as vacinas que protegem contra a doença, em Cascavel foram 1551 doses aplicadas no último trimestre.
Qualidade do ar
Mais da metade dos óbitos por doenças respiratórias nas últimas quatro semanas estão relacionados à Covid-19. Segundo o mais recente Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 50,2% das mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave estavam associadas ao Sars-CoV-2 (coronavírus). O dado tem como base as semanas epidemiológicas 33, 34, 35 e 36, que abrangem o período de 11 de agosto a 7 de setembro.
Nesse período, foram registrados 288 óbitos pela doença, segundo o painel de monitoramento da Covid-19 do Ministério da Saúde. A infectologista Joana D’arc Gonçalves da Silva afirma que os casos de doenças respiratórias têm aumentado em função da qualidade do ar neste período de seca.
“A gente tem uma proteção nas vias respiratórias, que é a produção de muco e o batimento ciliar, que funciona como uma vassoura, que vai varrer algumas partículas para fora do nosso pulmão. O muco também funciona umedecendo, lubrificando e expelindo, ajudando a expelir essas partículas. Quando o ar está seco, todo esse sistema mucociliar acaba sendo prejudicado e favorece a proliferação de doenças respiratórias e a permanência de alguns germes no nosso sistema respiratório.”
Prevenção
O coordenador do Núcleo de Controle de Infecções do Hospital de Base do Distrito Federal, Julival Ribeiro, recomenda o uso de máscaras em locais fechados e aglomerados, especialmente para os grupos de maior risco para a Covid-19, como idosos e imunossuprimidos.
Outra recomendação é o uso do antiviral, sob recomendação médica, para evitar o agravamento e os óbitos pela doença.
“O antiviral tem um impacto muito grande, dado nos primeiros cinco dias, quando indicado corretamente, para prevenir internações e complicações graves da Covid-19. É muito importante que as pessoas com sintomas gripais se dirijam à unidade de saúde, porque pode ser tanto a Covid-19 quanto influenza, vírus sincicial respiratório (VSR) e precisa-se ter o diagnóstico correto para fazer o tratamento adequado para esses pacientes.”
O infectologista também recomenda que as pessoas completem o esquema vacinal contra a Covid-19, principalmente para prevenir as hospitalizações e óbitos pela doença.