AGRONEGÓCIO

Show Rural de Inverno: Brasil caminha para alcançar autossuficiência em trigo até 2030

O evento acontece no Parque Tecnológico da Coopavel, no km 577, às margens da BR-277
O evento acontece no Parque Tecnológico da Coopavel, no km 577, às margens da BR-277

Cascavel – Nada como uma temperatura de 8°C e sensação térmica de 3°C na manhã de terça-feira (27), para dar início oficialmente à 5ª edição do Show Rural de Inverno, no Parque Tecnológico da Coopavel, no km 577, às margens da BR-277, saída para Curitiba. O evento prossegue até quinta-feira (29). Logo depois de se reunir com o conselho administrativo da CredCoopavel, o presidente da cooperativa, Dilvo Grolli, abriu espaço em sua agenda para atender, com exclusividade, a equipe de reportagem do Jornal O Paraná e dar detalhes sobre a programação ao longo dos próximos dias. Assista a entrevista abaixo:

O Show Rural de Inverno começou com 15 expositores e na edição 2024, esse número já alcançou 42, demonstrando um crescimento exponencial a cada ano. “É um evento dedicado às culturas de inverno, com destaque para a principal delas, o trigo”, destaca Groli. Em relação à produtividade, no ano de 1975 a produção era de 715 quilos de trigo por hectare. Em 1985, subiu para 1.512 quilos por hectare. Hoje, essa produtividade já atinge o patamar de 2,9 mil quilos por hectare no Paraná e no Brasil, já na região Oeste essa produtividade gira em torno de 3,2 mil quilos por hectare, chegando a 4,5 mil quilos em algumas propriedades.

As empresas participantes do Show Rural de Inverno já conseguem garantir ao produtor rural mais de 6 mil quilos por hectare. Ou seja, esse é o principal objetivo do Show Rural de Inverno: dar abertura para as empresas produtoras de insumos, de tecnologias e sementes, estreitando a relação com os produtores rurais, onde a ciência, tecnologia e academia, conversam direto com quem trabalha no campo.

Futuro promissor

Sobre a dependência brasileiro do trigo de outros países, Dilvo Grolli comenta que o consumo interno nacional hoje é de 12,5 milhões de toneladas do cereal e a produção é estimada entre 8 milhões a 9 milhões de toneladas, perfazendo um déficit de 4 milhões de toneladas de trigo ao ano. “Podemos suprir a demanda brasileira, nas mesmas áreas que temos hoje aumentando essa produtividade e também oportunizar àqueles que não produzem o cereal, a dedicar mais áreas para o trigo”, avalia o presidente da Coopavel, com um olhar promissor para o futuro próximo.

Novidades

Entre as novidades desta edição do Show Rural de Inverno, destaque para o 2º Congresso Paranaense da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono; ciclo nutricional da pecuária leiteira e Vitrine Agroecológica.

Trigo: Oferta e demanda equilibradas

Ao ser perguntado sobre o tempo em que devemos atingir a autossuficiência na produção de trigo, Dilvo Grolli acredita que até 2030 esta conquista será possível. Vai depender, segundo ele, principalmente da capacitação e adoção de novas tecnologias por parte do homem do campo.

Em relação ao mercado, a oferta e a demanda estão equilibradas. “O que é importante é fomentar a triticultura; é gerar mais oportunidades na propriedade e melhorar a renda do agricultor, principalmente por ser uma cadeia interessante quando o assunto é valor”.

Segundo ele, quando o produtor vende um quilo de trigo que ele colhe, vende a R$ 1,30 e R$ 1,50. Quando o moinho realiza a moagem desse produto, fazendo a retirada das impurezas, transformando em farinha de trigo, passa a valer de R$ 3 a R$ 4,50 o quilo.

“Quando o trigo entra na panificadora a adquirimos o pão de cada dia, passa a ter um valor mínimo por quilo de R$ 12 a R$ 15. Então imagine, uma cadeia que sai de R$ 1,30 e chega na mesa do consumidor a R$ 15 o quilo. Em resumo, a cadeia do trigo agrega muito valor, gera emprego, impostos e o Paraná, além de ser o primeiro produtor de trigo no Brasil, com produção estimada em 3,5 milhões de toneladas, tem uma capacidade de moagem acima de 4 milhões de toneladas”, detalha, completando que, “com esses números, é possível produzir mais trigo e ter uma capacidade de moagem; não vamos exportar mais o grão, mas produto com valor agregado para os outros estados brasileiros”.

Inovação: Show Rural oferece ambiente apropriado para aprofundar discussão

O secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Natalino Avance de Souza, também concedeu entrevista para a equipe de reportagem do Jornal O Paraná. “É sempre importante discutir as inovações da agricultura e eventos como o Show Rural, em suas edições tradicionais (fevereiro) e de inverno (agosto), oferecem o ambiente apropriado para aprofundar temas relevantes a essa cadeia que tanto contribui para o desenvolvimento econômico do Paraná e do Brasil”, afirmou.

O secretário estadual afirmou que é fundamental para o produtor rural visitar o evento, conhecer novidades e, com técnicos especializados, debater alternativas de cobertura de solo e de projetos de sustentabilidade. “Esses ambientes permitem conversar com os agricultores quais são os rumos que a gente tem para continuar produzindo uma agricultura de alta performance, atenta às questões ambientais, e que gere renda ao agricultor e às suas comunidades”.

O secretário também defende a autossuficiência brasileira: “O Brasil pode sim, em algum momento, se tornar autossuficiente, produzindo mais de 12,5 milhões de toneladas por ano. Eventos como o Show de Inverno apresentam os avanços de tecnologias que criam condições diferenciadas para o trigo e outras culturas e o governo, por sua vez, também faz a sua parte para que a atividade possa avançar”.

Natlino Avance citou como exemplo o recente lançamento do Irriga Paraná, que aconteceu semana passada no Norte do Estado e que pretende, em um primeiro momento, integrar 35 mil hectares à tecnologia. O Oeste, explicou o secretário, é uma das regiões de atenção, porque há uma época do ano, entre agosto e setembro, com irregularidades pluviométricas. E à medida que o programa ganha corpo ele pode ser uma alternativa interessante para a produção paranaense.

A agricultura de baixo carbono, outro dos temas da edição de inverno, pode trazer enormes benefícios ao Paraná, premiando a atenção dos produtores rurais e do governo com cultivos sustentáveis. Durante a visita ao evento, em Cascavel, o secretário Natalino se fez acompanhar do presidente do IDR, Richard Golba, e do diretor do Departamento de Florestas Plantadas da Seab, Breno Campos.

Fotos: Vandré Dubiela/O Paraná e Assessoria