Brasília – O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse ontem (15), em comissão geral no plenário da Câmara dos Deputados, que alfabetização é prioridade da pasta e tem sido tratada pelo governo federal “como um instrumento de superação das desigualdades sociais do País”. “Se a gente não alfabetizar bem a população, a gente vai continuar, principalmente no ensino técnico e no ensino médio, tendo uma sociedade com grandes discrepâncias de renda. Temos que elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem, promover a cidadania na alfabetização”.
Inicialmente, o ministro seria ouvido na manhã dessa quarta-feira na Comissão de Educação da Câmara. No entanto, por 307 votos a 82, parlamentares convocaram Weintraub a comparecer à comissão geral, que ocorreu à tarde no plenário da Casa, para justificar o contingenciamento no orçamento de universidades e institutos federais.
Comissão geral
Ao abrir os trabalhos da comissão geral, o presidente da Comissão de Educação da Câmara, deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), afirmou que a sessão ocorre em um contexto “de guerra ideológica e de polarização que busca um revanchismo ideológico”. “Nesse propósito específico que joga uma fumaça nos nossos problemas reais, a Comissão de Educação não vai deixar de cumprir o seu papel de fazer resistência, de proteger o orçamento da educação e de esperar que o rumo dado sejam soluções técnicas”, afirmou o deputado.
Em seguida, foram concedidos 30 minutos para a fala inicial do ministro Weintraub. Ele apresentou uma espécie de raio-X da educação brasileira e, para contextualizar o cenário da pasta, apresentou números e dados sobre a educação brasileira.
Segundo o ministro, a educação básica, incluindo creche, pré-escola e os primeiros anos de alfabetização, está defasada. “Cinquenta por cento das nossas crianças passam pelo ensino fundamental sem aprender a ler, escrever e fazer conta.”
Em seguida, ele defendeu a valorização do ensino técnico e afirmou que o Brasil vai na contramão de outros países: “O que o resto do mundo acha do ensino técnico? É prioridade. Você sai do ensino médio com uma profissão, sabendo fazer uma coisa que a sociedade valoriza. No Brasil, 8% das vagas são de ensino técnico”.
Segundo o ministro, o governo de Jair Bolsonaro vai priorizar essa modalidade de ensino, seguindo exemplos da Europa, do Chile e dos Estados Unidos. “O ensino técnico é prioridade, porque a melhor coisa que tem é você estar preparado para a vida, a escola te preparar para a vida”.
Weintraub afirmou ainda que o ensino superior é o setor da educação em que o Brasil está melhor, mas ressalta que isso se dá pelo crescimento das universidades privadas. Em seguida, afirmou que as providências do governo são tomadas para priorizar o ensino básico e técnico. “Estamos querendo cumprir o plano de governo, a prioridade é o ensino básico, o ensino técnico”.
Atos em várias cidades
Em pelo menos 170 cidades brasileiras, estudantes, trabalhadores da educação e sindicalistas se mobilizam ontem (15) para protestar contra o bloqueio de verbas das universidades públicas e de institutos federais. Convocados por entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), os atos também criticam a possibilidade de extinção da vinculação constitucional que assegura recursos para o setor e a proposta de reforma da Previdência.
Segundo a CNTE, havia atos previstos nas 27 capitais brasileiras.