Curitiba – O MP (Ministério Público) do Paraná fechou mais um acordo de delação premiada na Operação Quadro Negro, desta vez com o proprietário de uma segunda empresa envolvida no escândalo que desviou cerca de R$ 20 milhões da Secretaria da Educação do Paraná. As informações são da Gazeta do Povo.
Segundo apurou o jornal, a empresa operava nos mesmos moldes da Construtora Valor, de propriedade de Eduardo Lopes de Souza, que também fechou acordo de colaboração premiada, mas com o Ministério Público Federal, e ainda aguarda homologação do STF (Supremo Tribunal Federal) devido a citados com foro privilegiado.
O acordo com essa segunda empresa foi celebrado ainda em junho e homologado dia 28 de agosto pela 9ª Vara Criminal de Curitiba.
As informações colhidas nessa delação levaram a uma nova denúncia por parte do Ministério Público na semana passada. O processo tramita sob sigilo, ou seja, o MP não fala sobre o teor das investigações, que estão sob responsabilidade do Gaeco e do Gepatria (Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa).
Contudo, segundo fontes do Ministério Público, essa nova denúncia também foi levada em conta na decisão judicial que culminou com a prisão preventiva do ex-diretor da Secretaria de Estado da Educação Maurício Fanini, na manhã de sábado.
A prisão de Fanini foi pedida em uma segunda denúncia apresentada pelo MP semana passada, que investiga operações de lavagem de dinheiro. Na ação, a esposa do ex-diretor da Seed teve o passaporte retido e fica proibida de deixar a cidade.
O advogado responsável pela defesa de Fanini afirmou que, por ter assumido o caso recentemente, ainda não tem informações sobre o processo. Disse apenas que está tomando as medidas para revogar a prisão de seu cliente.
Outras empresas
Na sua colabora premiada, o dono da Valor, Eduardo Lopes de Souza, disse que outras empresas também estariam envolvidas no esquema de fraude de medição de obras para desvio de recursos. Ele disse que o dinheiro desviado abasteceu a campanha do governador Beto Richa. O governador nega a acusação e chama Lopes de Souza de “criminoso contumaz”. “Nunca estive com ele, nunca pedi nada para ele, nunca autorizei ninguém que pedisse alguma coisa para ele”, afirmou o governador em entrevista coletiva no dia 4 de setembro.
Tucanos investigados
As investigações da Operação Quadro Negro têm complicado a alta cúpula tucana paranaense. Dentre os citados nas delações estão o chefe da Casa Civil Valdir Rossoni, o presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano, e o próprio governador Beto Richa, todos do PSDB. Há ainda o irmão de Beto, secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, o presidente do TCE-PR (Tribunal de Contas do Estado do Paraná), Durval Amaral, e seu filho, o deputado estadual Tiago Amaral.