Política

BR-277: POD estima “sobras” de leniência e quer aplicação no oeste

Dos R$ 400 milhões devolvidos para a sociedade, R$ 150 milhões têm de ser programados em obras

BR-277: POD estima “sobras” de leniência e quer aplicação no oeste

Reportagem: Josimar Bagatoli

Cascavel – Com projetos elaborados por engenheiros das concessionárias em posse do governo do Estado, integrantes do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento) já reivindicam a destinação de sobras dos recursos provenientes do acordo de leniência firmado entre o MPF (Ministério Público Federal) e a Ecocataratas.

Dos R$ 400 milhões devolvidos para a sociedade, R$ 150 milhões têm de ser programados em obras. Membros da própria Seil (Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística) estimam que a readequação do Trevo Cataratas, em Cascavel, custará em torno de R$ 70 milhões, gerando uma sobra considerável dos R$ 130 milhões planejados.

A Casa Civil já recebeu a demanda dos empresários do oeste para que os R$ 60 milhões restantes sejam reservados para a duplicação do trecho de 24 quilômetros entre Céu Azul e Matelândia – com pista simples e intenso movimento, a incidência de acidentes com vítimas fatais é grande.

Além da melhoria em infraestrutura, a proposta é que exista um impacto na tarifa. Com menos obras no cardápio da nova concessão após o fim do contrato em novembro de 2021, o POD espera que os valores praticados sejam bem inferiores aos atuais. “Haverá um grande impacto. Temos legitimidade para cobrar. Pagamos em 22 anos essa conta muito pesada. O consumidor e o setor produtivo pagaram essa conta”, afirma Danilo Vendruscolo, presidente do POD.

A falta de rotas alternativas para fugir da tarifa alta sempre foi um peso para os empresários. Com o custo elevado nas rodovias, por exemplo, os paraguaios deixaram de usar a BR-277 para transportar as cargas até os portos e passaram a usar o circuito argentino. “Precisamos baixar o custo logístico para escoamento da produção. Hoje, nosso gasto no oeste é o maior de todas as regiões do Estado. Só temos uma via de escoamento”, lembra Vendruscolo.

Essa ação de infraestrutura é considerada de curto prazo, algo mais emergencial aos empresários. Além da rodovia, outros modais deveriam receber mais atenção do Estado e da União e foram cobrados do chefe da Casa Civil do Paraná, Guto Silva. “Precisamos de mais modais para atuar de forma competitiva e ágil: a ferrovia é uma alternativa, o ramal Foz-Guaíra também pode conectar ao modal hidroviário”, explica Vendruscolo.

Foz do Iguaçu está investindo na ampliação do aeroporto para pessoas e cargas, o que também aumentaria a competitividade. Ele será privatizado este ano. “A visão de Foz é muito clara para voos diretos para Europa, África, Estados Unidos e Ásia. Foz é um centro logístico que contempla ferrovia, rodovia, hidrovia e aéreo. Será um salto na redução de custo potencializando as empresas instaladas e atrair novos investimentos”, reforça o presidente do POD.

Trevo Cataratas

A decisão do Estado de investir na readequação do Trevo Cataratas é compreendida como um salto logístico com impacto em toda a região oeste. É que as cargas do campo e da indústria passam pelo gargalo rodoviário, que reúne as BRs 277, 467/163 e 369. “Tudo passa pelo trevo, desde escoamento da produção até suprimentos de matérias-primas. Com a obra, teremos redução de custo, pois hoje, com a lentidão no trecho, queimamos combustível, o produto fica parado e já poderia estar rodando. Isso encarece na ponta final, pois quando o consumidor vai ao mercado, à farmácia e à loja paga também essa conta. O trevo vem aliviar um problema grande”, exemplifica Danilo Vendruscolo.