Cascavel – A pouco mais de um mês do fim do prazo solicitado pelo governo do Estado para concluir a reavaliação de toda a documentação do processo para desapropriação de 64 alqueires onde se pretende construir o Aeroporto Regional do Oeste, as informações não são nada otimistas. Em visita ao oeste nessa sexta-feira (24), o governador Ratinho Junior falou sobre um ponto preocupante e que pode colocar o projeto mais uma vez na gaveta. Segundo ele, o Aeroporto Regional não está entre as prioridades orçamentárias da União e, assim, legalmente não pode ter sua área desapropriada.
Ratinho disse que o Estado tem ciência da importância da estrutura para o desenvolvimento regional, garantiu que há pré-disposição de desapropriar a área, mas que a PGE (Procuradoria-Geral do Estado) está discutindo juridicamente os termos da lei que determinaria que, assim que houvesse a desapropriação propriamente dita, houvesse garantias do investimento da Anac (Agência Nacional da Aviação Civil). “Ou seja, isso deve vir de Brasília e a princípio não se tem essa prioridade [da União] porque ela está fazendo uma série de concessões [para a iniciativa privada] de aeroportos pelo País. Há, inclusive, investimentos que vêm sendo feitos nos aeroportos de Cascavel e de Toledo que recebem os voos regionais, então estamos buscando esse entendimento jurídico… se não tiver problema para fazer a desapropriação e se tivermos um cronograma do governo federal e da Secretaria Nacional de Aviação Civil [de investimentos]”.
O alerta já foi feito ao POD (Programa Oeste em Desenvolvimento), entidade que reúne o setor produtivo da região e que tem como uma das suas prioridades a execução desse projeto. Segundo o presidente do programa, Danilo Vendruscullo, o assunto foi tema de um encontro nessa semana com o secretário de Planejamento, Valdemar Bernardo: “O que dissemos ao secretário é que esse projeto é para médio e longo prazo e que queremos apenas que o Estado assine o decreto e libere as desapropriações. Os recursos para as indenizações já estão em caixa [deixados pela ex-governadora Cida Borghetti no valor de R$ 10,5 milhões]. Eles são necessários para o pagamento. Já estamos atrás para atualizar o projeto executivo… o processo para início das obras não é para agora, pode levar de cinco a dez anos”, enfatizou.
Assim, reforça o presidente do POD, o que se pretende agora é sensibilizar o Estado para garantir a desapropriação, assegurando a área demarcada entre os municípios de Toledo e Tupãssi. “Já é sabido que nos planos-diretores de Toledo e de Cascavel os respectivos aeroportos onde estão hoje deixarão de existir. Como disse, o Aeroporto Regional é para médio e longo prazo”. Segundo ele, o setor produtivo vai buscar verbas para a edificação numa formatação que pode ser PPP (Parceria Público-Privada).
O projeto executivo que determinará, entre outros aspectos, os valores que a estrutura vai custar, será atualizado e terá como base o realizado há quase duas décadas. Essa atualização, segundo Vendruscullo, custará algo em torno de R$ 1 milhão e esses recursos deverão ser pagos pelo banco de projetos regional a ser financiado pela Itaipu Binacional.
Para Danilo, no contexto do desenvolvimento, o projeto é indispensável e não pode parar.
Energia elétrica: Estado revê projeção e Copel anuncia R$ 1,8 bilhão até 2020
Cafelândia – Com a garantia de que os produtores rurais do oeste e do sudoeste do Paraná – bem como a indústria – podem aumentar suas granjas de aves, suínos e tanques de peixe que não vai mais haver desabastecimento nem oscilações no fornecimento de energia elétrica, diretores da Copel e o governador Ratinho Junior anunciaram oficialmente nessa sexta-feira (24), em Cafelândia, os investimentos que serão feitos nas redes de baixa e média tensão em todo o Estado.
A maior parte dos investimentos, 54% da previsão deste ano de R$ 836 milhões, será destinada para essas duas regiões, onde esses problemas são mais graves, frequentes e resultam em perdas mensais milionárias.
Segundo o governador, a Copel se volta novamente para o Paraná, após viver um período com investimentos mais robustos em outros estados. “Quando o Daniel [Slaviero] assumiu a Copel, determinei que se desfizesse do que a Copel possui fora do Estado e que voltássemos a cuidar do nosso jardim. Antes de cuidar do jardim dos outros, precisamos cuidar da geração, da distribuição e do fornecimento de energia elétrica de qualidade aqui, no Estado. Sobretudo nas regiões oeste e sudoeste, que vêm sofrendo muito com desabastecimento e oscilações. Isso não pode mais acontecer”.
As frequentes interrupções de fornecimento ocorrem por uma sobrecarga no sistema, que não acompanhou o aumento do consumo. “O oeste cresceu bem mais que a média estadual e nacional. O oeste cresce em níveis muito próximos à economia chinesa, mas a Copel não acompanhou isso. Essas melhorias precisam ser feitas para garantirmos nossa produção e para que sigamos na liderança nacional do Estado que mais produz alimentos por metro quadrado”, reforçou Daniel Slaviero, ao afirmar que o compromisso da Copel é permanecer nas mãos dos paranaenses.
Coube ainda ao presidente da Copel redirecionar o anúncio que já havia sido feito horas antes na Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná), quando foram confirmados R$ 247 milhões de investimentos com recursos próprios da Copel de 2020 até 2022, além dos R$ 863 milhões para 2019. “Na viagem de Cascavel a Cafelândia [feita de helicóptero], o governador fez outro pedido: que ano que vem a Copel invista pelo menos mais R$ 1 bilhão. Então sairemos de R$ 247 milhões para pelo menos R$ 1 bilhão em 2020”, afirmou. Assim, a conta em investimentos para este e o próximo ano é de pouco mais de R$ 1,8 bilhão.
Investimentos garantem melhorias em poucos meses, diz diretor de distribuição
Segundo o diretor-presidente de distribuição da Copel, Maximiliano Andres Orfali, serão investidos recursos próprios e que somente os investimentos deste ano já deverão surtir efeito bastante prático no campo e nas indústrias, com obras que já estão em andamento na região. “Já estamos fazendo as melhorias, trabalhando nas redes de distribuição, e em poucos meses os produtores terão mudanças expressivas no fornecimento e na qualidade da energia que chega à propriedade”, destacou.
A expectativa é para que o problema esteja totalmente resolvido até o fim do ano que vem.
Essas melhorias podem exigir mudanças também nas propriedades, como adaptação da rede para o sistema trifásico, evitando de vez as quedas e as oscilações.
O presidente da Copacol, Valter Pitol, anfitrião do encontro ontem, aproveitou a solenidade para elencar uma série de outras reivindicações ao governador Ratinho Junior. Entre elas, as políticas de incentivo ao consumo de energia elétrica no campo para quem possui um núcleo de granjas ou aviários. “Quem utiliza até 75 kw/h de energia pode ser inserido no Luz Fraterna, acima disso, quando se tem um grupo de granjas ou chiqueirões, sai do programa e automaticamente aumenta muito o preço e aumentar o preço é diminuir o lucro, a competitividade”, explicou.
E, em nome do setor produtivo, Pitol pediu ainda a desburocratização para ampliação ou construção de novos empreendimentos rurais.
Quanto aos investimentos que prometem acabar com os problemas de fornecimento de energia elétrica no campo e à indústria, o presidente da Copacol utilizou números para explicar o que isso representa para o setor: “Quando se perde um lote de frango por falta de energia, leva-se um ano para recuperar essa perda para pagar as contas. Quando se perde um tanque de peixes, são dois anos para recuperar. Precisamos de eficácia e resultado. Esses investimentos eram uma reivindicação antiga, felizmente fomos atendidos”, completou.
Os investimentos em melhorias na distribuição e no fornecimento de energia elétrica regional foram um dos anúncios feitos por Ratinho durante sua visita à região, mas foram asseguradas ainda verbas a dezenas de municípios.
Reportagem: Juliet Manfrin