Cascavel – Os olhos marejados eram marcas da tensão vivida poucas horas antes. As lágrimas já não eram suficientes para o vereador Nei Haveroth expressar o terror que foi passar cerca de quatro horas sob a mira de um revólver. As mãos e os punhos indicavam como fora amarrado durante um assalto na madrugada de sábado (30).
O vereador, a esposa e um filho estavam na casa de um assessor, no Bairro Universitário, em Cascavel, quando foram surpreendidos por dois criminosos armados. Nove pessoas, dentre elas três crianças, foram mantidas reféns pelos marginais, que chegaram à residência por volta da meia-noite.
Nei e as outras vítimas foram amarrados e trancados dentro de um banheiro, enquanto a dupla revirava a casa em busca de objetos de valor. Em seguida, outros dois bandidos chegaram ao local e fugiram levando uma caminhonete.
Eles aparentavam estar bem tranquilos. Só demonstraram agressividade quando o Gilberto [assessor] tentou reagir, contou o vereador.
Armados, os criminosos faziam pressão psicológica nas vítimas. A todo o momento repetiam ameaças para impedir que a polícia fosse acionada antes do meio-dia de ontem. Vítima de assalto pela primeira vez, Nei afirma que o episódio ficará marcado pelo resto da vida.
Não tem como esquecer, vai ficar carimbado. A gente nunca espera que isso possa acontecer. Não sei de onde tirei tanta calma para lidar com a situação. Só pensava no meu filho, comentou.
Ainda segundo o vereador, o filme do assalto continua passando diante de seus olhos.
Cheguei em casa e tentei dormir, mas não consegui. Não consegui parar de pensar no que aconteceu.
Os criminosos que fugiram com a caminhonete foram abordados pela Polícia Rodoviária Federal em Guaíra. Apesar de o veículo não possuir registro de roubo, os policiais desconfiaram da atitude dos ocupantes. No veículo eles encontraram cartões com o número do telefone de Nei e entraram em contato com a Polícia Militar de Cascavel.
Desconfiados que o roubo tivesse sido frustrado, os criminosos que permaneciam na casa fugiram antes da chegada dos policiais.
Eles começaram a ficar nervosos. Eu falei: A polícia já está vindo. É melhor vocês irem embora. Se ficarem, vai ser ruim para nós, vai ser ruim para vocês, finalizou Nei.