Pelo menos um consenso o Governo Bolsonaro já formou. Ninguém o supera em polêmicas. Nem terminou seu primeiro trimestre do ano, não fez ainda seu balanço dos 100 dias, e já acumula vários episódios para a história.
A mais recente é a polêmica sobre a comemoração do golpe militar, em 1964.
O presidente Jair Bolsonaro já pediu que sejam providenciadas “comemorações adequadas” no dia 31 de março. Mesmo que se restrinjam aos quartéis militares, a ordem acendeu diversos estopins Brasil afora.
“Para os defensores públicos federais, que atuam na garantia dos direitos humanos, a decisão do governo é um estímulo grave ao ódio e à tortura. Celebrar a data é ignorar a dor de dezenas de brasileiros, é retroceder aos direitos conquistados sob a morte daqueles que lutaram por um País livre, entre eles índios, sindicalistas e líderes rurais e religiosos, desaparecidos e assassinados durante o triste período da ditadura militar”, disparou em nota a Anadef (Associação dos Defensores Públicos Federais), que ganhou coro da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.
Dos mais comedidos, o comentário é de que talvez este não seria o melhor momento, pois a história ainda não foi mudada, como já sugeriram os Bolsonaros filhos, “para fazer jus ao governo militar”.
Reescrever a história pode ter severas consequências, até porque não é possível apagar as perseguições, as mortes e a censura instalada no País especialmente na primeira metade da década de 70.
A maioria dos brasileiros votou pela volta de um governo de direita, formado por maioria militar. Mas essa mesma maioria também defendia a democracia. É importante não se esquecerem disso.