Cascavel – O general Ernesto Geisel já fazia um governo distensionado em meados 1977, o que levou anos depois o Brasil à democracia. Antes dessa abertura política antagônica ao regime, não foram tempos possíveis de se apagar da história. Longe de ser essa narrativa estratégica e falaciosa de hoje, há 44 anos o general fechou o Congresso Nacional em busca da reforma política e do Judiciário.
No ano 77, em que a marca Apple foi patenteada e Steve Jobs vivia seu tempo hippie, também ocorreu uma explosão de rádios livres pelo mundo, movimento que ditou novos tempos à comunicação global. Mas desde 1650 com o Gazette de France, os jornais diários carregaram a responsabilidade de imprimir com credibilidade a formação de opinião e narrar os fatos geopolíticos.
Nossa moeda era o Cruzeiro, o divórcio foi regulamentado e em 1977 também elegemos a escritora Rachel de Queiroz a primeira mulher na Academia Brasileira de Letras. Tantos outros nesse tempo também tinham o escrever como ofício e, em Cascavel, o 1º de maio de 1977 tornou-se recorte memorial nas páginas da primeira edição do Jornal Hoje.
A missão de um jornal impresso, desde aquele tempo, sempre foi claramente mais conservadora. É de menor relevância noticiar a briga de vizinhos, uma colisão de hora em hora ou despir “indivíduos suspeitos” em troca de audiência degustativa e likes. Os impressos que perduram ou poucos deles, a exemplo do Jornal Hoje, cumprem o árduo compromisso de relatar fatos relevantes, gerar conteúdo que possa ser útil ao cidadão e que contribua com o desenvolvimento.
Em 1977, nossas manchetes “lamentavam” a desafeição ao trabalho, resultado de uma pandemia psicológica motivada pela inovação tecnológica e que causou grave impacto econômica pela queda da produtividade. A pandemia da covid-19 tem tirado alguém de todos nós, mas também afetou drasticamente a renda de milhões de pessoas e dilacerou a confiança nas notícias, em razão da irradiação das fake news.
Dentre tantos veículos importantes que nos mantêm lúcidos com o bom jornalismo, o Jornal Hoje chega aos 44 anos com a missão e o compromisso essencial de preservar as aspirações coletivas, mediando caminhos que reestabeleçam a ordem, a verdade e o bom senso. É preciso perceber todos os fatos de forma apartidária, desapaixonada e proba. É preciso estar acima do senso comum a serviço do interesse público.
Jefferson Lobo é tradutor e intérprete, jornalista, especialista em Comunicação e Marketing, e secretário de Comunicação Social de Cascavel (PR).