“A fidelidade incondicional de um parceiro é a transferência da fidelidade da criança pela sua mãe ao companheiro ou companheira” (Bert Hellinger)
O que é “amor incondicional”? É um amor que não pergunta pela compensação, que não é movido por intenções, expectativas, nem interesses. É um amor que se entrega sem condições (ou seja, incondicionalmente) ao outro, não importa o que ele faça.
Esta é a forma de amor que existe na relação pais-filhos. Com efeito, não importa quão grande possa ter sido o erro cometido pelo filho; ele não perde jamais o amor dos pais. É verdade, o amor dos pais não inocenta o filho de seus erros, mas o conserva vinculado ao afeto que sentem por ele.
A questão é: como fica quando, na relação de casal, um cônjuge reivindica do outro um amor incondicional? Vamos pensar um pouco sobre isso.
Dissemos que amor incondicional é o amor que caracteriza a relação pais-filhos. Sendo assim, quando um cônjuge reivindica do outro fidelidade incondicional, qual compreensão de casamento ele manifesta com isso? Neste caso o casamento será entendido como uma relação que se rege pelo mesmo princípio que rege a relação entre pais-filhos. Desta maneira, quando um cônjuge exige fidelidade incondicional do parceiro, um dos cônjuges ocupa a posição de pai/mãe e o outro a posição de filho/filha.
Ou seja: de um lado temos um cônjuge que reivindica amor incondicional: é o cônjuge que está na posição de filho/filha; de outro lado temos um cônjuge que entrega um amor incondicional: é o cônjuge que está na posição de pai/mãe.
Só ali já existe um grande problema, porque é como se o casal amasse um ao outro da mesma forma como se amam entre si pais e filhos.
Mas tem mais ainda. A pessoa que reivindica amor incondicional vê o parceiro como “propriedade” dela. É a maneira como um pai ou uma mãe olham para seu filho: “Ele é meu filho e ninguém tem o direito de tirá-lo de mim”.
Quando o cônjuge que exige fidelidade incondicional se depara com a situação em que seu parceiro quer ir embora, sente a retirada dele como perda de alguém que é “dele”, semelhante à mãe ou o pai que sente a retirada de um filho por outra pessoa como perda.
Por isso, as separações no caso de casais que fundam sua relação na ideia de amor incondicional costumam ser trágicas e não poucas vezes envolvem a morte de um ou de ambos os parceiros.
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JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são consteladores familiares e terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar
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