Há seis meses, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, saía em defesa da autonomia e da independência das universidades brasileiras, e dizia: “bem como do livre exercício do pensar, da expressão e da manifestação pacífica”. O ministro também gosta de declarar que a liberdade é o pilar da democracia. Bom… nem sempre é assim.
Ao usar a toga para censurar um site e uma revista porque produziu uma reportagem na qual ele é citado, o ministro não apenas atua em causa própria, como manda um recado que não segue aquilo que prega em seus discursos. Ou pulou a parte da Constituição que afirma que está proibida no Brasil a censura?
A liberdade de expressão é um direito inato à democracia. Não pode ser barrado porque “não gostei”. Ela dói às vezes. Mas faz parte do jogo que decidimos jogar. E não pode ser diferente.
O risco de um ministro calar a boca de um veículo de comunicação a seu critério é navegar nas perigosas águas da ditadura. Não dá para fazer diferente do que fala.
A revista mentiu? Defenda-se! Afinal, ele ocupa um cargo público, tem responsabilidades públicas e precisa, sim, dar satisfação à sociedade. Nada deve? Esclareça, use seus direitos de responder, conforme a própria Constituição lhe assegura. Mas não tente calar. Censura não, ministro!
Calar a boca de um meio de comunicação sob o argumento de fake news é muito baixo. No fim, o tiro saiu pela culatra. Até quem não sabia ou pouca atenção havia dado ao assunto agora ficou sabendo sobre o “amigo do amigo do meu pai” e que o ministro não quer que saiam dizendo isso por aí. Se queria calar alguém, conseguiu apenas viralizar o assunto. Censura, nunca mais!