Política

Sindicatos fazem greve contra acordo com o FMI

Buenos Aires – As principais centrais sindicais da Argentina realizaram nessa terça-feira (25) a quarta greve geral contra o presidente Mauricio Macri, no mesmo dia em que ele discursou na 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

Macri aproveitou a viagem aos Estados Unidos para assegurar aos mercados que conseguirá renegociar o acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), fechado em junho, e que não há risco de o país decretar moratória da dívida externa, como em 2001.

A greve – que paralisa transportes públicos, aeroportos e bancos – foi convocada contra as medidas de ajuste econômico, que o presidente se viu obrigado a adotar para obter uma linha de credito de US$ 50 bilhões do FMI.

Desse total, US$ 15 bilhões já foram utilizados para conter a corrida cambial de maio. O resto seria liberado a cada três meses, sempre e quando a Argentina cumprisse as metas acordadas – e que agora estão sendo revistas.

O ministro da Economia argentino, Nicolas Dujovne, prometeu zerar o déficit público no próximo ano em troca da antecipação dos desembolsos previstos para 2020 e 2021. O pedido de renegociação foi feito depois de a Argentina sofrer uma segunda corrida cambial em agosto, que o governo atribuiu à desconfiança dos mercados em sua capacidade de honrar seus compromissos em 2019.

Crise

Macri disse que é candidato a um segundo mandato e que não mudará o rumo da política econômica, apesar de estar pagando um alto preço político. Desde o início do ano, o peso argentino perdeu metade de seu valor; a inflação prevista para 2018 é de 42%; e o país está em recessão.

O governo argentino atribuiu a crise a fatores que escapam do seu controle, entre eles, a pior seca em 50 anos e a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Mas, segundo Macri, o pior já passou e a economia deve voltar a crescer no segundo semestre.

Presidente do BC pede demissão

O atual número dois do Ministério da Fazenda da Argentina, o economista Guido Sandleris, assumirá o Banco Central do país, afirmou o ministro da Fazenda, Nicolas Dujovne, à imprensa. Em Nova York, Dujovne tentou minimizar o pedido de demissão de Luiz Caputo da autoridade monetária, anunciado na manhã dessa terça-feira, dizendo que a saída de Caputo já era esperada.

Caputo apresentou sua demissão, em comunicado, em um dia tumultuado na Argentina, em que os sindicatos realizam uma greve geral e voos internacionais para o país vizinho foram cancelados.

Alta da Selic?

O Banco Central reafirmou nessa terça-feira, na ata do último encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), que manteve a Selic em 6,5% ao ano e que a conjuntura econômica ainda prescreve política monetária estimulativa: "ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural".

No entanto, o BC afirmou que as taxas podem subir caso o cenário de inflação ou o balanço de riscos apresentem piora.

A instituição, assim como no comunicado da decisão da semana passada sobre a Selic (a taxa básica de juros), não vinculou explicitamente uma possível piora do cenário ao resultado das eleições de outubro.

Porém, o BC citou, entre os riscos, a possibilidade de "frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira". É justamente a continuidade das reformas – que depende do futuro governo – que mais preocupa o mercado financeiro.