Cotidiano

Saúde pública: Estado cobra de hospitais melhorias na ortopedia

Após semanas de caos na saúde de Cascavel e microrregião, o Estado vem tomando medidas para cobrar dos prestadores o cumprimento do que é contratualizado

Saúde pública: Estado cobra de hospitais melhorias na ortopedia

Reportagem: Cláudia Neis

Cascavel – Após semanas de caos na saúde de Cascavel e microrregião, o Estado vem tomando medidas para cobrar dos prestadores o cumprimento do que é contratualizado. Após implantação de auditorias diárias, a medida mais recente é a reorganização da regulação de pacientes ortopédicos, casos que muitas vezes aguardavam por dias nas UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) devem ser atendidos em até 24 horas e os casos mais graves devem ser encaminhados diretamente ao HU (Hospital Universitário) de Cascavel.

Esse atendimento será possível com base em um estudo feito pela 10ª Regional em relação ao que cada prestador deve oferecer: “A demanda de reorganização dos fluxos é antiga dos municípios da Regional, não só de Cascavel. Todos os prestadores serão incluídos. Em uma reunião na próxima semana serão definidos os detalhes e pretendemos colocar para funcionar o novo modelo no próximo dia 2 [de dezembro]”, explica o diretor da 10ª Regional de Saúde, João Gabriel Avanci.

A demanda atual da ortopedia é de, em média, 180 pacientes por mês, que devem ser divididos entre o HU, o Hospital São Lucas e o Hospital do Coração (Salete), conforme a gravidade dos casos. A divisão não ocorre de forma igualitária por conta do porte de cada unidade. João adianta que as melhorias devem ser graduais. “Este fluxo ainda pode levar até um pouco mais de 24 horas no início devido à necessidade dos ajustes. Mas a reunião quinzenal da câmara técnica irá discutir o fluxo e a evolução do trabalho, assim, os ajustes serão feitos para que a gente consiga atingir essa meta da ortopedia não passar de 24 horas para o paciente ter acesso ao atendimento especializado”, garante.

Hospital do Coração

A reportagem do Jornal O Paraná teve acesso aos números contratados e cumpridos pelos três hospitais conveniados. O destaque ficou por conta dos números de atendimentos do Hospital do Coração, que chega a ser 35% do contratualizado.

De acordo com os números da Secretaria de Estado da Saúde, o teto de internamentos do hospital é de 361 por mês, mas de janeiro a agosto deste ano foram feitas, em média, 234 autorizações de internamento por mês.

Os outros dois prestadores tiveram média de atendimento maior que o contratado: HU – com teto de internamentos de 1.090 registrou média de 1.215 e Hospital São Lucas, com teto de 360 internamentos, teve média de 370.

A 10ª Regional confirmou a dificuldade em relação ao Hospital do Coração, confirmando ainda que, entre os três, é o único onde ainda são encontrados leitos vagos nas auditorias diárias. “Eles já foram notificados sobre os leitos e informaram que estão se reorganizando. O número de atendimentos do hospital veio diminuindo progressivamente pelo que pudemos perceber, mas neste ano se acentuou”, observa João.

Além dos problemas administrativos enfrentados pela unidade, como ordem de despejo, dívidas, atraso de salários e saída de médicos, o diretor da Regional cita duas perdas recentes que refletiram no trabalho. “Faleceram recentemente dois médicos importantes: o doutor Antônio João, principal clínico-geral do hospital que fazia a maioria das admissões de pacientes clínicos, e também o doutor Eduardo Philipe, principal médico da hemodinâmica do hospital. Essas baixas demoram para ser repostas e, por isso, o hospital acaba atendendo menos do que o previsto, porém, continua sendo o principal prestador na área da cardiologia e tem atendido plenamente a demanda, não temos tido problemas nessa área que seria a principal vocação do hospital. Então, logo eles deverão estar com a ortopedia restabelecida e também com a clínica médica, segundo o que temos dialogado com eles nos últimos dias”, garante João.