Opinião

Quando morria, ele ressuscitou

Por Carla Hachmann

No início deste ano, a morte do Mercosul chegou a ser sentenciada pelos presidentes do Brasil e do Chile, que anunciavam, como a substituta, a recém-criada Unasul.

Um dos argumentos era a dificuldade do Mercado Comum da América do Sul avançar em seus tratados em suas quase três décadas.

E eis então que surge um milagre. Antes de dar seu último suspiro, sai da gaveta o sonhado acordo de livre comércio entre Mercosul e a União Europeia. Cuja abertura comercial, segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, vai gerar ganhos para os dois lados, uma vez que haverá o fim de tarifas em até 15 anos. “São vitórias que devem ser e muito valorizadas diante do fechamento, diante do protecionismo que existe, via de regra, no mercado europeu e nos mercados dos países desenvolvidos em geral”, comemorou.

E tem mais: o próprio secretário diz que o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia poderá trazer ganhos de R$ 500 bilhões em dez anos para o PIB brasileiro.

É que, no setor industrial, por exemplo, a União Europeia se comprometeu a acabar com as tarifas de importação para 100% dos manufaturados em até dez anos. Já o Mercosul terá o mesmo período para zerar as tarifas de 72% dos produtos industrializados e mais cinco anos para atingir o patamar de 90,8%, sem precisar zerar as tarifas para todos os produtos.

Na área agrícola, os europeus prometeram zerar as tarifas de 81,8% das mercadorias em dez anos, enquanto o Mercosul deverá eliminar as tarifas para 67,4% dos produtos. E por aí adiante…

Em tempos em que os ponteiros da economia não giram exatamente para onde queremos, até “defunto” ressuscita.