Opinião

Editorial: A tensão volta às estradas

O Brasil ainda sente duramente os efeitos da greve dos caminhoneiros, que em dez dias mergulhou o País num caos sem precedentes. Com prejuízos bilionários, que já passaram a casa dos R$ 15 bilhões medidos até agora, o movimento está longe de ter sido resolvido. Muito pelo contrário!

As ações tortas adotadas pelo governo para pôr fim à greve começam a sair da caixinha mal fechada e põem em risco novamente toda a nação. A questionável tabela do preço do frete, cara demais para o setor produtivo, e não cumprida por falta de fiscalização, aguarda a boa vontade do STF (Supremo Tribunal Federal), que parece não ter pressa para resolver um problema tão grave a todo o País.

Agora, o recente reajuste do preço do óleo diesel, que ficou quatro meses congelado para explodir nas bombas no último fim de semana, atiça aqueles que desde junho tentam parar o País novamente.

O governo se mostrou despreparado e desarticulado para resolver o problema em maio e parece que não aprendeu nada nesses últimos meses. Até agora, todos perderam com a greve e com as medidas adotadas para pôr fim à própria greve.

Caminhoneiros que estão sem trabalhar porque o frete rodoviário reduziu substancialmente devido ao tabelamento; campo e indústria tiveram de rever suas estratégias de distribuição devido ao encarecimento do transporte; e a sociedade como um todo arca com o aumento generalizado dos preços.

Foram quatro meses para evitar o novo caos que está prestes a voltar a acontecer. Desta vez com alguns agravantes: os movimentos que articularam o protesto antes não pretendem liderar a paralisação agora, e os caminhoneiros já sabem a força que têm. O que será de nós?