Política

Coluna contraponto do dia 22 de agosto de 2018

Otávio e o jornalismo como mal necessário

Diretor de Redação de um dos mais respeitados jornais do País, Otávio Frias Filho, que morreu segunda-feira aos 61 anos, tinha uma visão realista do jornalismo. Em tempos atuais, quando a comunicação se dispersou pela grande rede e confunde até os mais experts, Frias se manteve fiel ao ofício, sem subterfúgios nem ilusões. “O jornalismo – escreveu -, apesar de suas severas limitações, é uma forma legítima de conhecimento sobre o nível mais imediato da realidade. Para afirmar sua autonomia, precisa cultivar valores, métodos e regras próprios”.

Opiniões

Por essa premissa, Otávio transformou a “Folha de São Paulo” num marco da diversidade de opiniões, o que valorizou o jornal e o deixou fora das grandes ingerências políticas que atingiram outros órgãos de imprensa e os enfraqueceram, como o rival paulista, “O Estado de São Paulo”.

Credibilidade

Por essa premissa, também, continua referência na credibilidade que deve ter qualquer órgão de comunicação, mesmo num turbilhão de contradições que compõem uma realidade como a nossa. Fazer jornal é lidar com isso todos os dias: com acertos e erros permanentes e a necessária correção, mesmo que tardia. Mesmo com responsabilidade e apuração cotidiana, trata-se de uma ciência da superficialidade, gerada na pressa e no imediatismo. Mas condição absoluta na garantia de direitos e da democracia.

O custo disso

Otávio Frias Filho tinha pleno conhecimento do custo da independência para uma empresa jornalística que decide levá-la a sério. E deixa como legado a sobrevivência da “Folha”, por si só uma grande vitória no Brasil de hoje.

Carlos Ratinho…

A mudança de nome está afetando substancialmente a maneira de agir e pensar do candidato Ratinho Jr. Ao classificar como “tragédia histórica” o massacre dos professores no Centro Cívico, ele tem endereço certo: 1) Não assume responsabilidade sobre a ação do Governo Beto Richa, do qual era secretário de Desenvolvimento Urbano. Se o classifica como “tragédia histórica”, por que continuou no cargo à época?

…não é mais Ratinho Jr

2) E ao se esquivar, joga no colo do ex-governador Beto Richa toda a responsabilidade e o coloca na defensiva como candidato ao Senado. Mata dois coelhos: tenta passar ileso eleitoralmente com os professores e dá um help na candidatura do professor Oriovisto Guimarães, o candidato-mor da coligação que formalizou para concorrer em outubro. É assim mesmo. O Carlos Ratinho é um novo candidato na praça.

Dallagnol de butuca

Quem acompanha de perto as investigações do Ministério Público Federal sobre as irregularidades cometidas com dinheiro público na SEB (Sociedade Evangélica Beneficente), mantenedora do Hospital Evangélico, é o procurador-chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol.

Interesse

Frequentador da Igreja Batista do Bacacheri, Dallagnol tem especial interesse nos desdobramentos das ações que envolvem o ex-deputado Andre Zacharow, mas não participa diretamente do processo. E já disse a pastores e fiéis que o volume de provas já reunido não deixa nenhuma dúvida sobre os malfeitos.

Traiano, o bonzinho?

Afinal, depois de tanto debate sobre o reajuste do funcionalismo público no Paraná, quem acabou se saindo bem na fotografia foi o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano. Ele promulgou o reajuste de 2,76% para o Funcionalismo 2.0 – Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas, Defensoria e Assembleia – e deixou o pessoal do Executivo fora do agrado. Na prática, criou um diferencial entre servidores, onde uns merecem mais do que os outros. E na política, pode “faturar” alguns votinhos a mais dos privilegiados. E perder de outros, claro.