Saúde

Chocolate turbina seu cérebro e sua memória, diz estudo

Ingrediente principal do chocolate, o cacau já mostrou sua importância na melhora do humor

Chocolate turbina seu cérebro e sua memória, diz estudo

A Páscoa chegou e com ela fica difícil de resistir a um chocolate. Engorda, dá espinhas, acelera o envelhecimento… Pera lá! Tem boa notícia nesta Páscoa. Mas se ele te dá uma ou outra celulite, saiba que o chocolate faz bem à saúde (com moderação, tá?!), especialmente ao seu cérebro.

Ingrediente principal do chocolate, o cacau já mostrou sua importância na melhora do humor, ajudando a acalmar qualquer estressadinho. E um estudo recente desenvolvido por pesquisadores italianos revelou que seu consumo regular pode beneficiar também a memória recente e o processamento de informações visuais.

A pesquisa, publicada no periódico Frontiers in Nutrition, recorreu a trabalhos anteriores para relacionar o consumo a longo prazo de altas quantidades de flavonoides presentes no cacau a ganhos nas atividades cognitivas – que envolvem diferentes aspectos coordenados pelo cérebro, como a aquisição de memórias, atenção e raciocínio.

Sabe-se que os flavonoides, compostos orgânicos vegetais que obtemos com a alimentação, têm ação antioxidante e auxiliam na absorção de vitaminas. A ideia do estudo era identificar como o cérebro reagia algumas horas depois de seu consumo, e que melhoras apareceriam em um intervalo de tempo maior.

A pesquisa

Nos estudos considerados pelos pesquisadores, os participantes foram divididos em grupos para consumir quantidades variáveis dessas substâncias, seja na forma de uma bebida sabor chocolate ou nas das tradicionais barras. Desde os que ingeriram poucas quantidades até os que tiveram de consumir grandes volumes, cada um teve de permanecer com a dieta achocolatada por um período de cinco dias a três meses.

Os benefícios variaram de acordo com o perfil das cobaias. Para os mais velhos, o consumo a longo prazo melhorou atenção, raciocínio, memória de curto prazo e dicção. Os resultados foram mais significativos para idosos que já tinham prejuízos cognitivos ou que já começavam a apresentar perda de memória.

No entanto, mesmo no caso de adultos saudáveis, as funções cognitivas foram impactadas positivamente – fazendo diferença, sobretudo, para as mulheres. Segundo mostra o estudo, os flavonoides presentes no cacau ajudaram a minimizar os efeitos que a falta de sono podem ter no cérebro delas. Passar a noite em claro e funcionar normalmente no dia seguinte, assim, era uma tarefa menos complicada para as mulheres – graças aos benditos efeitos conseguidos com o consumo do doce.

Coração também

Segundo Valentina Socci e Michele Ferrara, pesquisadoras responsáveis pelo estudo, “os flavonoides do cacau trazem benefícios para a saúde do coração e podem aumentar a quantidade de sangue presente no giro denteado, uma área específica do hipocampo. Essa estrutura cerebral é particularmente afetada pelo envelhecimento, e uma potencial fonte para a perda de memória em humanos”, declararam, em um comunicado.

Ou seja: não há nada de errado em se permitir um pouco de chocolate – sobretudo o amargo, 70% cacau, que é mais rico em flavonoides. Seu cérebro agradece.

Chocolate favorece a saúde ocular

Nesta Páscoa, se você é radical na dieta, saiba que dá para flexibilizar sem perder de vista a qualidade de vida. Estudos mostram que o chocolate do tipo amargo com, no mínimo, 60% de cacau, faz bem à saúde ocular. Segundo o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier não quer dizer que você pode exagerar no consumo. “A diferença entre veneno e remédio é a dose”, salienta. Quatro quadradinhos/dia, ou 70% gramas é o ideal para você incluir o chocolate na alimentação e seu organismo ficar só com a parte boa da iguaria.

O médico destaca que a concentração mínima de 60% de cacau garante alta concentração de polifenóis que mantêm a flexibilidade das artérias. “Isso faz com que melhora toda a circulação, inclusive da retina” explica.  O resultado é a diminuição do risco de DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade) e das doenças cardiovasculares.

Para se ter ideia do impacto na saúde, Queiroz Neto afirma que hoje a DMRI atinge 3 milhões de brasileiros com mais de 65 anos e é apontada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a maior causa global de cegueira irreversível. O sinal de alerta dessa doença é enxergar tortuosidade em linhas retas, salienta. Por isso, para maiores de 65 anos recomenda fazer um teste simples, fixando um olho e depois o outro em uma moldura de porta. Caso enxergue o contorno sinuoso deve procurar um oftalmologista imediatamente. A perda da visão decorrentes da degeneração macular, explica, é causada em 90% dos casos pelo rompimento de neovasos que se formam na retina. A aplicação de laser para secar estes neovasos e de injeções intravítreas pelo oftalmologista podem impedir a cegueira.

Prevenção da catarata

O especialista afirma que o cacau também é rico em flavonoides, um potente antioxidante que combate a formação de radicais livres e adia a formação da catarata, opacificação do cristalino que apesar de ser tratável responde por quase metade da cegueira no Brasil. O nosso organismo, comenta, produz radicais livres o tempo todo. Por isso, não tem como evitar a catarata. Mas se utilizarmos um mecanismo que os elimine, evitamos a degeneração precoce das células. Quando a catarata se forma não existe medicamento que devolva a transparência à lente do olho. O único tratamento é a cirurgia em que o cristalino, lente natural do olho, é substituído por uma lente intraocular para evitar a perda da visão.

Risco de retinopatia diabética cai, diz pesquisa

Leôncio Queiroz Neto ressalta que o resultado de um estudo italiano realizado na Universidade de L’Aquilia com portadores de diabetes do tipo 2 demonstrou que o consumo de uma barra de chocolate amargo/dia diminuiu em quase 30% a resistência a insulina desenvolvida pelas células de quem tem a doença.

Significa que o alimento também evita a retinopatia diabética em pessoas que já convivem com o diabetes tipo 2 há mais de 10 anos.

O sinal da retinopatia é a formação de manchas na visão. Isso acontece devido ao acúmulo de glicemia na corrente sanguínea que obstrui os vasos retinianos e leva à formação de neovasos. O tratamento é similar ao da degeneração macular – aplicação de laser e injeções antiangiogênicas.

O especialista destaca que as diferenças genéticas, de metabolismo, capacidade de absorção e outros fatores faz com que as pessoas reajam de forma diferente a um mesmo alimento. Ainda assim, conclui, a comprovação das propriedades do cacau sugere que o chocolate pode funcionar como um aliado da saúde ocular.