Opinião

Brasil cai em Ranking da Felicidade

Butão, um pequeno oásis no meio da Ásia, é considerado o Reino da Felicidade. Lá, não importa o PIB econômico. O indicador oficial mede a felicidade. O custo de vida é extremamente alto e não é muito fácil conseguir autorização para visitar o país. Motivo: a preocupação de que alguém leve tristeza para lá.

O Brasil é um país menos feliz. Em 2018, ocupava o 28º lugar no ranking da felicidade. Agora, é o 32º de 156 países analisados. Esse ranking, realizado por cientistas da ONG Sustainable Development Solutions Network com dados de fontes confiáveis como o Instituto Gallup, foi divulgado ontem pelo World Happiness Report, na sede da ONU em Nova York.

Esta é a sétima edição do estudo e visa trazer luz a um assunto pouco debatido no Brasil: “A felicidade pessoal é um capital público. Muitas nações entenderam isso e já praticam políticas neste sentido. A satisfação, a percepção de realização pessoal das pessoas impacta diretamente na economia e no desenvolvimento de um País”, argumenta Flora Victoria, eleita embaixadora da felicidade no Brasil.

Sem minimizar questões importantes como violência, corrupção, desigualdade social, pobreza, Flora adverte para descobertas científicas dos elementos que compõem a felicidade: “Fatores externos e genéticos somados representam cerca de 55% do que popularmente chamamos felicidade. Os outros 45% são determinados pela forma como enxergamos o mundo. Por exemplo: como explicar uma pessoa paupérrima feliz e um milionário em depressão? Uma das respostas é que pessoas gratas são mais felizes. Elas entendem o que conquistam na vida como um presente, por menor que seja”. Elementos como confiança, propósito, fé, generosidade são outros fatores que alteram a felicidade de uma pessoa e de uma nação.

O Ranking e o Brasil no Ranking

Na primeira posição, pelo segundo ano consecutivo, está a Finlândia. Em último lugar, está o Sudão do Sul. O Brasil aparece em 32º lugar entre os países mais felizes do mundo. É uma queda de quatro posições em relação ao relatório divulgado no ano passado, quando o Brasil ocupava a 28ª posição.

Nota-se que a felicidade no Brasil, em alguns aspectos, não está tão diferente da Venezuela. Em relação ao Suporte Social, a diferença entre os dois países é de menos de um ponto percentual. Já a sensação de liberdade dos brasileiros é mais do que o dobro dos venezuelanos. Entretanto, somos mais generosos do que nossos vizinhos, porém estamos atrás de Bósnia, Irã e Kosovo, países com grandes conflitos internos e externos.

A pesquisa é feita com base em seis critérios: PIB per capita, em termos de paridade de poder de compra; Expectativa de vida saudável; Apoio social, medido com base na pergunta: “Se você estiver em dificuldades, você tem parentes ou amigos com os quais pode contar, quer você precise deles ou não?”; Liberdade para fazer escolhas de vida; Generosidade, medida com base na pergunta: “Você doou dinheiro a alguma instituição de caridade no mês passado?” e Percepção da corrupção.

A felicidade como capital público e fatores que a impactam

Felicidade é quando o que você pensa, fala e faz estão em harmonia, segundo Mahatma Gandhi. Faz 7 anos que o “dia da felicidade” foi proclamado e desde então esse marco vem inspirando a felicidade como parte fundamental de bem-estar social e econômico, fomentando diversos estudos sobre como a felicidade sendo o centro onde fatores como cultura, ambiente, sociedade, economia, política deveriam se encontrar.

O World Happiness Report é considerado um divisor de águas de uma era, onde a felicidade e o bem-estar estão se tornando cada vez mais objeto de discussão e estudo entre as nações do mundo.

A esperança é parte essencial da felicidade, nos permite ter uma visão positiva mesmo em momentos ruins. Outro fator importante para a felicidade é o senso de propósito, de sentir que faz diferença no mundo ao seu redor, segundo pesquisas.

A generosidade também vendo sendo estudada como parte essencial para a felicidade. Estudos comprovam que se pratica um ato de generosidade os níveis de satisfação aumentam.

Quando as pessoas sentem que podem escolher, se sentem livres para fazer aquilo que as faz bem. Estabelecer conexões verdadeiras e criar laços sociais também é parte importante para a realização pessoal e diretamente ligado ao nível de felicidade da população.

Ajudar as pessoas a melhorar suas vidas com resposta a perguntas sobre como é possível ser mais feliz, não se trata de ter mais dinheiro, mas sim, ter acesso a saúde, educação de qualidade.

A Costa Rica está em 12º no ranking, isso se deve a fatores como investir mais de 10% do PIB em saúde, 8% do PIB é investido em educação, não tem armas. As pessoas questionam a ministra sobre como eles se protegem, ela responde que ninguém ter armas, então ninguém precisa se proteger de nenhum ataque. Outro fator importante para a ascensão da costa Rica no ranking é o cuidado com a saúde mental, a ministra disse que mais do que um assunto fundamental, a saúde mental deve ser uma prevenção para as pessoas em seu país, acompanhar as pessoas desde crianças e investimento em saúde, para que a população tenham acesso a tratamento assim que for necessário.

Um fator em comum em nações que elevaram seus níveis de felicidade é a confiança. Isso se deve a população confiar em seus governantes e nos serviços públicos, isso gera uma áurea de calma e tranquilidade nas pessoas, juntamente com o sentimento de “importância” e pertencimento, o que estabelece conexões sociais verdadeiras.

Dubai investe muito em desenvolver políticas para garantir que não faltem as necessidades básicas para ninguém. A segurança também é fator fundamental em Dubai, as pessoas podem se sentir seguras ao sair de casa, ao dirigir seus carros, a andar pelas ruas, isso eleva os níveis de satisfação, liberdade, ou seja, fatores fundamentais para a felicidade.

Sobre o World Happiness Report

O World Happiness Report é uma pesquisa anual realizada pela Rede de Desenvolvimento de Soluções Sustentáveis da ONU. A iniciativa surgiu para atender um chamado da própria ONU. Em 2011, A Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a resolução 65/309, cujo título era “Felicidade: Rumo a Uma Definição Holística de Desenvolvimento”. Na resolução, a ONU na convidava os países membros a medir a felicidade de suas populações e usar os resultados como base para orientar políticas públicas.

Por Carla Hachmann