Opinião

As crises medem o valor do ser humano

Por Carla Hachmann

Terapeutas costumam repetir: toda dificuldade é uma oportunidade. Talvez seja apenas para confortar quem está no olho do furacão emocional, mas não deixa de ser uma boa orientação.

E oportunidade para quê? De evoluir, crescer, amadurecer, aprender, enfim melhorar como gente, como ser humano.

Algumas provas insistem em mostrar o pior lado desses seres. E as crises evidenciam isso.

Para quem tem alguma dúvida, pode tirar a prova nestes dias de caos que o mundo mergulhou. O momento é inédito. Isolamento, quarentenas, fechamento de fronteiras, estabelecimentos esvaziados. Nem mesmo missas e cultos foram mantidos. Muito provavelmente ninguém vivo já passou por isso antes.

E, conforme a situação vai se desenhando, cada dia com um cenário mais catastrófico, alguns comportamentos vão se revelando. O primeiro foi o esgotamento de máscaras faciais e álcool gel nas farmácias. Na mesma ânsia dos consumidores, os preços dispararam, multiplicaram-se 30, 40 vezes. Qual a razão se água e sabão têm mais efeito?

Nos últimos dias o pânico invadiu os supermercados. Apesar das garantias de que não haverá desabastecimento, as pessoas encheram carrinhos com fardos de papel higiênico, esvaziaram as prateleiras de leite longa vida, como se o mundo tivesse chegado ao fim.

Enquanto muitos encheram os depósitos de casa, provocando uma inflação de demanda totalmente desnecessária, várias outras pessoas ficarão sem itens que realmente farão falta. Talvez um paciente oncológico cuja falta de máscara pode ser crucial entre vida e morte; ou profissionais de saúde que não têm insumos básicos para salvar quem está doente.

Solidariedade, compaixão, ajuda, colaboração são conceitos que parecem apenas ficção.