Opinião

A nefasta concentração de renda

Por Carla Hachmann

Talvez uma das características mais severas da economia seja a concentração de renda. Ela é nefasta e mascara uma realidade cruel.

No Brasil, o problema vem desde que os portugueses aqui chegaram. Mas a situação se repete pelo mundo afora. Para se ter uma ideia, hoje, 10% dos mais ricos ganham 300 vezes mais que os 10% mais pobres.

Enquanto o salário médio de metade da massa trabalhadora mundial é de apenas US$ 198, os 10% mais pobres precisariam trabalhar 300 anos para receber o que os 10% mais ricos ganham no contracheque de um ano. Os dados fazem parte de um levantamento da OIT (Organização Internacional do Trabalho), com sede em Genebra, divulgado ontem.

Conforme o estudo, os 20% de assalariados que constituem a base da pirâmide – cerca de 650 milhões de pessoas – levam para casa menos de 1% dos rendimentos mundiais.

O levantamento tem como base dados de 189 países e mostra que a desigualdade salarial diminuiu ligeiramente desde 2004, graças à melhoria das condições de vida na China e na Índia. No Brasil, a participação dos 10% mais ricos no bolo total de salários até diminuiu de 47,75% para 40,91% (de 2004 a 2016), mas com a crise voltou a subir em 2017, chegando a 41,36%. E os números de 2018 devem vir ainda piores.

Por outro lado, no período entre 2004 e 2017, os rendimentos da classe média mundial (60% dos trabalhadores do meio da pirâmide) encolheram, de 44,8% do total para 43%.