Opinião

A guerra civil nas ruas

Por Carla Hachmann

Até 2030, os acidentes de trânsito serão a sétima maior causa de morte, aponta relatório da WRI (World Resources Institute) e do Banco Mundial. Eles fazem partem da pesquisa “Sustentável e Seguro – Visão e Diretrizes para Zerar as Mortes no Trânsito”, que aponta que as fatalidades decorrentes de acidentes de trânsito são a décima principal causa de morte no mundo, responsáveis pela perda de 1,25 milhão de vidas a cada ano.

Mas a situação é mais grave conforme a faixa etária. Por exemplo, os acidentes de trânsito são a principal causa da morte para quem tem entre 15 e 29 anos. Cenário que se agrava nos países de baixa e média renda, onde a taxa de mortalidade no trânsito é de 24 e de 18 pessoas a cada 100 mil habitantes, respectivamente. A conclusão é implacável: ações precisam ser tomadas agora.

O estudo prova isso. Evidências de 53 países e mais de 20 anos de experiências políticas representativas mostram que vias seguras salvam vidas. Ou seja, velocidades reduzidas em áreas urbanas não só diminuem a taxa de acidentes como também podem reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Isso porque desenhos viários que limitam a velocidade e permitem uma condução mais suave, sem a necessidade de acelerar e desacelerar intensamente, contribuem para reduzir as emissões de dióxido de carbono em cerca de 30%, auxiliando em melhores condições de saúde da população.

Outro fator apresentado é que a substituição dos cruzamentos semaforizados por rotatórias, na Suécia, por exemplo, resultou em diminuição do consumo de combustível e das emissões, bem como na redução do risco de colisões em 40%. Ou seja, reduzir a velocidade não só salva vidas como pode também dar retorno econômico e melhorar a qualidade de vida. As soluções existem. Basta serem adotadas.