
Paraná - Apesar dos casos de gripe aviária no Brasil, registrados em maio desse ano e o tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, no mês de julho, a cadeia de produção da suinocultura enfrentou tudo com resiliência, mantendo um desempenho satisfatório até agora, com tendência de crescimento no próximo ano. Essa é a avaliação da Comissão Técnica de Suinocultura do Sistema FAEP, com base em recente encontro realizado em Cascavel.
A suinocultura do Paraná encerrou outubro em alta, com o melhor resultado do ano. O preço médio pago ao produtor pelo suíno vivo chegou a R$ 7,16 por quilo em setembro, o maior valor registrado no período. O desempenho representa um alívio após anos de dificuldades, com margem positiva de R$ 1,39/kg sobre os custos de produção estimados pela Embrapa Suínos e Aves — a mais alta de 2025.
“Vivemos uma instabilidade no País, mas o setor de suinocultura continua aquecido. Nosso papel é seguir firmes em nosso dever de casa, levar os custos de produção à risca, para que nossa atividade tenha subsídio e poder superar os desafios junto às cooperativas e agroindústrias”, resumiu Deborah de Geus, presidente da CT de Suinocultura do Sistema FAEP. “A suinocultura é uma potência do nosso Estado, mas temos que tentar crescer de forma que seja sustentável para todos os elos, e nós temos subsidiado e incentivado esse trabalho para que tenhamos incrementos na renda dos suinocultores”, completou o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.
Na opinião do presidente do Sindicato Rural de Cascavel, Paulo Orso, o segmento do agro conta com tentáculos que movem as pautas até a CNA [Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil]. “Muitas vezes elas servem de inspiração para outros lugares do País. Agora mesmo, estamos trabalhando para nos tornarmos o maior Estado produtor de suínos do Brasil, e isso com o suporte do Sistema FAEP”, enfatizou.
Mercado de proteínas
Ao ministrar palestra durante a reunião do CT, o consultor Iuri Machado, da CNA, aproveitou para abordar os principais assuntos que envolvem a cadeia da suinocultura. Ele lembrou que as quatro principais proteínas animais (frango, suíno, bovino e ovos) se afetam entre si, já que flutuações em uma cadeia acabam afetando as outras. E nesse ano, houve pelo menos duas grandes crises no setor de proteínas animais.
A primeira das crises nesse ano envolveu o primeiro caso na história de gripe aviária em granjas comerciais do Brasil, com reflexos sentidos até hoje, já que alguns mercados internacionais ainda não reabriram para o produto brasileiro. Em julho, foi a vez de os Estados Unidos anunciarem o tarifaço sobre diversos produtos brasileiros, entre eles a carne bovina. Tudo isso formou um cenário desafiador para todas as proteínas, incluindo os suínos.
Exportações
As exportações de carne suína pelo Brasil subiram 14,28% de janeiro a setembro desse ano, em comparação com mesmo período de 2024. Com relação ao volume exportado, atingiu 985 mil toneladas nos nove primeiros meses de 2025. “Para 2026, as previsões apontam uma produção 3,6% maior e exportações acima de 1,5 milhão de tonelada, o que representaria uma variação de 5,2%. Já no varejo, o mercado espera preços estáveis ou levemente mais altos, com potencial para amortecer possíveis altas no preço da carne bovina”, previu o consultor.
Machado ainda destacou a diversificação dos destinos das exportações da carne suína, reduzindo a dependência do mercado chinês. “A pulverização das exportações tem sido um movimento contínuo, o que representa um aspecto positivo em termos de menor dependência de um único país, o que dá mais estabilidade ao setor. A China já chegou a representar 55% das nossas exportações, hoje é a segunda colocada e responde por 11,7%, atrás das Filipinas que compram 24,5%. E temos crescido em países com alta exigência em sanidade e qualidade, como Coreia do Sul e Japão”, sinalizou.
 
											 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		