Economia

Mesmo com o status sanitário mantido, é preciso redobrar os cuidados, diz Ortigara

Produção de frango para corte. Toledo 06-2021. Foto: Ari Dias/AEN
Produção de frango para corte. Toledo 06-2021. Foto: Ari Dias/AEN

Cascavel – Pela primeira vez em sua história, o Brasil registra casos de gripe aviária em seu território, levando o Governo Federal a decretar estado de emergência zoossanitária durante 180 dias. Apesar do registro da doença em aves silvestres, os cuidados precisam ser redobrados para evitar o contágio de aves de planteis comerciais pela influenza aviária H5N1. Desde o dia 16 de maio, já são contabilizados oito casos no País, sendo sete no Espírito Santo e um no Rio de Janeiro. O estado de emergência zoossanitária permite a agilidade no repasse de recursos aos municípios para o enfrentamento da doença.

O Paraná é o maior produtor de aves do Brasil e um dos principais no mundo. São mais de nove milhões de frangos abatidos todos os dias, fazendo com que o Paraná responda por mais de 34% da produção nacional. Somente neste ano, o Paraná é responsável por 42% das exportações de aves do Brasil. A reportagem do Jornal O Paraná conversou com o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, para saber o impacto da gripe aviária nas plantas frigoríficas e na cadeia produtiva paranaense.

“Esse estado de emergência zoossanitária era um quadro já esperado, mas pode complicar a nossa grande produção, já que o Brasil e o Paraná, dentro dele, é o maior exportador de carne de frango do mundo”, comenta Ortigara. “Estamos trabalhando dura e arduamente desde o fim do ano passado, quando casos foram registrados em vários países que fazem divisa com o Brasil”.

“Ambiente protetor”

O Paraná tem toda uma estratégica construída, uma vigilância ativa, forte e uma mobilização sólida dos produtores de frango e das agroindústrias, afirma o secretário. “A mobilização dos prefeitos é no sentido de construímos um ambiente protetor da nossa grande produção. Mas também construímos planos de contingência e planos de ação caso tenhamos a presença dessa enfermidade na nossa agricultura comercial”.

A postura do Governo Federal em decretar o estado de emergência zoossanitária é vista como correta e sensata, por Ortigara. “Por enquanto, essa presença não cria nenhum embaraço comercial para o Brasil, dado que grandes países produtores do mundo já enfrentaram e enfrentam essa enfermidade e no âmbito comercial nada mudou. É claro que torcemos e nos empenhamos para evitar a presença na nossa agricultura comercial”.

O secretário da Agricultura do Paraná faz um apelo a todos os envolvidos na cadeia produtiva do frango. “Vamos tomar cuidado. Vamos redobrar as medidas de biossegurança. Vamos dificultar e impedir o acesso de pessoas das nossas propriedades e vamos adotar medidas muito simples em cada propriedade de proteção ao grande patrimônio paranaense, que é ser líder na produção de carne de frango em todo o Brasil”, destaca.

Ortigara reforça o pedido: “Nós precisamos nos proteger. Tudo que fizermos devemos pensar em relação à restrição a circulação, acesso e presença de pessoas estranhas no âmbito da produção. Medidas muito simples de desinfetar calçados, utilizar vestimenta adequada para ingresso nos aviários, fará um bem danado a esse grande negócio que é a avicultura paranaense e trabalhando junto com o Ministério da Agricultura, que é a autoridade sanitária do Brasil, com a presença forte da Adapar aqui no Paraná, com a presença e ajuda valiosa do nosso IDR, estamos tentando evitar que o ocorra algum caso na nossa agricultura comercial que tem o potencial de causar um grandioso estrago”.

Foto: AEN

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Adapar: Medidas de segurança e vigilância devem ser permanentes

A Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) defende a continuação da vigilância e medidas de segurança nos aviários do Estado. “Somente assim, garantindo essa biossegurança, vamos continuar com nossas produções e exportações, mantendo um dos ativos da economia nacional”, destaca o chefe do setor de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias.

A medida de emergência é favorável para o Paraná e aos estados brasileiros, principalmente pelo fato de garantir celeridade nas ações de combate à influenza aviária e na liberação de recursos, se necessário por parte dos municípios. “Continuamos [Brasil] sem o registro da doença na avicultura e em aves de subsistência, ou seja, livres de influenza aviária de alta patogenicidade”, disse Dias, reforçando que “mesmo que uma situação dessas ocorra com as aves comerciais, não há qualquer risco de contaminação em humanos”.

Os mais recentes casos registrados são em uma ave silvestre em Nova Venécia, no Espírito Santo, envolvendo a espécie Thalasseus Maximus, conhecida como trinta-réis-real. E outro caso, em São João da Barra, no litoral do Rio de Janeiro, envolvendo a espécie Thalasseus acuflavidus, conhecida como Trinta-réis-de-bando. O mundo vive a maior pandemia deste gênero em sua história e na América Latina, apenas o Paraguai ainda não tem o registro da doença.