Brasil - Marechal C. Rondon – Mais de 30% dos beneficiários do Bolsa Família em todo o Brasil estariam recebendo o auxílio de forma indevida, o que representa um impacto direto no chamado Custo Brasil. No Paraná, estima-se que entre 30% e 40% dos cadastrados apresentem inconsistências. O dado foi apresentado nesta terça-feira (17) durante a 2ª Conferência de Empregabilidade do Oeste do Paraná, realizada na Acimacar, em Marechal Cândido Rondon. O evento foi organizado pela Câmara Técnica de Empregabilidade do POD, o Programa Oeste em Desenvolvimento.
O evento reuniu cerca de 200 pessoas, entre empresários, líderes e representantes de entidades. Segundo o coordenador da Câmara Técnica de Empregabilidade do POD, Sérgio Marcucci, as empresas que participaram da conferência representam cerca de um terço das mais de 400 mil carteiras assinadas existentes na região Oeste.
23 mil vagas
O secretário estadual do Trabalho, Qualificação e Renda, Paulo Rogério do Carmo, também participou da conferência e alertou que existem atualmente cerca de 23 mil vagas de emprego abertas no Paraná que não são preenchidas. Ele defendeu parcerias com entidades como a Fiep para ampliar a qualificação profissional e destacou a importância da conferência como espaço de reflexão e de construção de soluções.
O presidente da Faciap, Flávio Furlan, parabenizou o POD pela iniciativa e afirmou que, mesmo com os desafios, a economia paranaense apresenta desempenho superior até ao de países como a China. Segundo ele, manter esse ritmo exige conscientização da população sobre a importância do trabalho como pilar do desenvolvimento. Furlan também reforçou valores como pontualidade, aprimoramento contínuo e realização com propósito.
A programação incluiu oficinas, apresentação de cases e foi encerrada com palestra de Danielle Diniz, do Great Place to Work (GPTW), que falou sobre as transformações no ambiente corporativo e a importância do sentimento de pertencimento para a valorização dos colaboradores.
“Auxílios que prejudicam”
A diretora da Fiep, Caroline Arnes, destacou a necessidade de fortalecer o trabalho formal como caminho para superar a dependência de auxílios. Segundo ela, o Bolsa Família representa custo anual de R$ 158 bilhões ao País, alcançando mais de 20 milhões de famílias no Brasil, o que equivale a 54 milhões de pessoas. A média nacional do benefício é de R$ 667,49, enquanto no Paraná é de R$ 657. Atualmente, 1,6 milhão de pessoas recebem o benefício no Estado. Na região Oeste, são 175 mil beneficiários, 12% dos habitantes. Os extremos estão no Oeste são Matelândia, com 4,54% da população integrada ao programa, e Lindoeste, com 31,4%.
Carol Arns também comparou o valor médio pago pelo Bolsa Família com o piso salarial da indústria no Paraná, que é de R$ 2.123, enfatizando os benefícios da formalização do trabalho, como aposentadoria, férias, plano de saúde e FGTS. Ela defendeu o cruzamento de dados como IPTU, IPVA, ICMS e outras fontes para identificar possíveis pagamentos indevidos e garantir que o benefício chegue a quem realmente precisa. Não somos contra o Bolsa Família, mas é necessário seguir critérios rigorosos, pontuou ela.