Economia

Carne Bovina: Baixo poder de compra “trava” o consumo

Carne Bovina: Baixo poder de compra “trava” o consumo

O preço da arroba do boi se mantém estável no mercado regional, após um espasmo de alta, não consolidado. Em entrevista concedida à equipe de reportagem do Jornal O Paraná, o pecuarista e membro da SRO (Sociedade Rural do Oeste do Paraná), Severino Folador fez uma análise do momento da bovinocultura de corte e apontou o baixo poder de compra do consumidor, não conseguindo alavancar um volume maior de consumo.

Para os próximos 90 dias, a expectativa é de uma leve tendência de alta, alcançando na faixa de 5% a 10% de crescimento. “A arroba do boi deve se estabilizar em R$ 270, ou seja, para o produtor vender, esse seria o preço. Não é o ideal, mas também temos que enxergar os dois lados. É o que vamos fazer para que isso se aproxime dessa realidade”.

Hoje, o mercado trabalha com uma arroba oscilando entre R$ 250 e R$ 255 bruto, descontando o Fundo Rural, que dá entre 4% e 5% por arroba. “A expectativa a curto prazo é essa”. Ele destaca ainda o inverno menos rigoroso, que ajudou nas pastagens e, por consequência disso, o produtor não precisou se desfazer de algumas cabeças que teriam necessariamente que ser abatidas, alongando assim a permanência nas propriedades.

Cenário Nacional

No cenário nacional, o mercado do boi gordo mostra uma semana com preços estáveis, similar à realidade verificada no Oeste. Não houve grandes mudanças nos padrões de negócios na maioria do País. Nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, os frigoríficos optam pela cautela na compra do gado, uma vez que as escalas de abate apresentam uma posição confortável. Já no Centro-Norte, a propensão é de ajustes como resultada das escalas de abate menos favoráveis.

A oferta de animais confinados ao longo de julho mostra-se limitada, com expectativa de aumento no mês de agosto. Em São Paulo, o preço de referência para a arroba do boi ficou em R$ 254. Em Dourados, no Mato Grosso do Sul, cotada a R$ 246. Em Cuiabá, o valor indicado foi de R$ 216 a arroba e em Goiânia, R$ 240.  Em Uberaba, Minas Gerais, R$ 250.

A estabilidade de preços também é observada no mercado atacadista. Em virtude dos salários na economia, há uma tendência de possíveis ajustes em curto prazo.

Exportações registram retrações

Por sua vez, a exportação de carne bovina fechou o primeiro semestre de 2023 com retração de 3,8%, com 1,02 milhão de toneladas. Já com relação à receita, a queda chegou a 21,4%. De acordo com dados fornecidos pela Abiec (Associação Brassileira das Indústrias Exportadoras), o Brasil arrecadou somente neste ano, US$ 4,8 bilhões com as exportações.

A China ainda é a nossa maior compradora de proteína animal. Nos primeiros seis meses do ano, o país asiático adquiriu 512.306 toneladas, perfazendo um faturamento de US$ 2,6 bilhões.

O resultado nas exportações poderia ter sido maior. Em fevereiro deste ano, o Brasil enfrentou um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina, mais conhecida como “mal da vaca louca”, resultando na suspensão temporária das exportações da China por 30 dias.

Segundo maior mercado consumidor da carne bovina brasileira, os Estados Unidos proporcionaram ao Brasil um faturamento de US$ 428,6 milhões, referente a um volume total exportado de 71.398 toneladas, nestes primeiros semestre de 2023. Somente em carne bovina in natura, o país importou 49.545 toneladas, totalizando US$ 225,6 milhões. O Brasil é o terceiro maior fornecedor de carne bovina in natura para o mercado norte-americano.

No primeiro semestre, as exportações de carne bovina para a União Europeia tiveram um aumento no volume de 7,7%, ou seja, 39.330 toneladas, com preço médio variado, chegando a US$ 287,2 milhões. É o maior volume exportado pelo bloco dos últimos 15 anos. Para o Canadá, as exportações de carne bovina in natura do Brasil subiram de janeiro a junho deste ano, somando 2.500 toneladas exportadas. Para a Rússia, as exportações tiveram uma ascensão meteórica, com 44,7% nos embarques e um aumento de 40% no faturamento. Foram exportadas 23.556 toneladas, totalizando US$ 83,6 milhões.

Após recente abertura de mercado comercial, as exportações para o México iniciaram neste semestre. Para 2023, a expectativa é das melhores, depois de um período sombrio atrelado à pandemia do novo coronavirus, nos últimos dois anos.

Foto: Vandré Dubiela