ECONOMIA

Arroz e feijão: Setor produtivo questiona necessidade de importação pelo governo

Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul descartou qualquer hipótese de desabastecimento de arroz

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Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul descartou qualquer hipótese de desabastecimento de arroz. Foto: Arquivo AEN

Líderes do setor produtivo do feijão questionaram a declaração feita, ontem (7), pelo presidente Lula ao ressaltar a necessidade de importação feijão e arroz como medida emergencial para evitar o aumento de preços nas gôndolas para o consumidor. Lula disse que em reunião com o ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi abordada a questão do arroz e do feijão que já estariam com preços em franca ascendência. Na ocasião, os ministros teriam dito que a área plantada estava diminuindo e que havia um problema de atraso na colheita do Rio Grande do Sul.

Na entrevista concedida ao programa Bom Dia Presidente, Lula reforçou. “Agora com a chuva, atrasamos de vez a colheita no Rio Grande do Sul. Se for o caso, para equilibrar a produção, será preciso importar arroz e feijão, para que possamos colocar na mesa do brasileiro um produto compatível com aquilo que ele ganha”, disse o presidente.

Diante das informações, o presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses), Marcelo Lüders, falou com exclusividade à equipe de reportagem do Jornal O Paraná, questionando a declaração de Lula. “Não procede, pois o Brasil deve colher esse ano uma safra, segundo a Conab, de 3 milhões 221 mil toneladas. Claro que essa diferença do ano passado, que está sendo colhido a mais, algo em torno de 200 mil toneladas, a maior parte disso é a de feijão preto, que aumentou a estimativa de produção para esse ano”, destaca Lüders, considerado uma das maiores autoridades do segmento feijoeiro no Brasil.

No RS

Em relação ao Rio Grande do Sul, Lüders comenta que o estado produz, em duas safras, 77 mil toneladas de feijão e a segunda safra estava praticamente colhido. “Existem perdas de feijão no Rio Grande do Sul, sim, mas que estão armazenados, do feijão que estava pronto para ser empacotado. É uma indústria ou outra. Já no campo, houve perdas, mas não assim tão grande, uma vez que o Rio Grande do Sul ia representar 2% da produção nacional”.

O presidente da Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul), Alexandre Velho, descartou qualquer hipótese de desabastecimento de arroz. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do País. Apesar disso, as chuvas registradas atrasaram a colheita do cereal.

Até agora, foram colhidos 83% da safra. O percentual restante se concentra na região central do estado gaúcho, a mais impactada pelas inundações. Por lá, ainda resta 40% para concluir a colheita. Mesmo com as dificuldades, Rio Grande do Sul deverá colher uma safra superior a 7 milhões de toneladas.

Um dos principais desafios é a questão logística, necessária para garantir o escoamento da safra. Porém, a conexão com corredores de produção importantes, como a BR-101, está normal, garantindo o acesso a outras regiões do Brasil.

No fim de abril, o Ibrafe, juntamente com a Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), promoveu encontro para tratar especificamente do feijão. Em pauta, a definição de estratégias de produção, beneficiamento e comercialização, objetivando explorar os mercados interno e externo.

Somente o Paraná, responde por 24% da produção nacional. Apesar de todos os esforços, o consumo per capita de feijão tem caído nos últimos anos, de 21 quilos para 14 quilos.