São Paulo – A quarta-feira começou sob forte pressão de alta do dólar ante o real o que fez o Banco Central entrar no mercado antes do meio-dia para segurar a moeda norte-americana. O BC convocou leilão de venda de dólares das reservas internacionais e negociou com o mercado financeiro um total de US$ 1,042 bilhão. Com a operação, a moeda americana, que se aproximou dos R$ 5,80 antes das 10h, fechou o dia a R$ 5,7619, alta de 1,39%.
A atuação do BC foi uma resposta à alta firme do dólar ante o real, mas também em relação a outras divisas de países emergentes ou exportadores de commodities (produtos básicos). Desde cedo, os mercados globais mostravam pessimismo em relação ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. A segunda onda da covid-19 na Europa, que atinge países como a França, e os dados de contaminação nos EUA são fatores que ameaçam a retomada econômica global (leia mais na página 12).
Além disso, a proximidade da eleição presidencial nos EUA traz cautela para os negócios. Na dúvida, investidores buscam a segurança do dólar.
No Brasil, a maior dúvida ainda é se o governo de Jair Bolsonaro conseguirá controlar o rombo fiscal nos próximos anos. O receio é de que, no limite, o País não consiga equilibrar suas contas e se torne insolvente nos próximos anos. Essa preocupação acabou por fazer o dólar subir com mais intensidade ante o real, na comparação com o visto em relação a outras divisas.
De março até ontem, o BC já vendeu um total de US$ 23,451 bilhões das reservas internacionais. Apenas em março – no auge das preocupações com a pandemia -, a instituição negociou com o mercado US$ 10,674 bilhões.
Bolsas
Na Bolsa brasileira, o Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, desceu aos 95 mil pontos, algo que não acontecia desde o começo de outubro – no dia 8, bateu nos 95 mil pontos, mas voltou a ensaiar uma recuperação nos pregões seguintes. A B3 engatou sua quarta queda seguida para fechar na mínima do dia, com um tombo de 4,25%, aos 95.368,76 pontos nessa quarta.
Os mercados financeiros de todo o mundo tiveram queda nessa quarta sob uma onda de aversão a risco causada pelo temor de que a reaceleração da covid-19 na Europa e nos Estados Unidos contamine também o processo de retomada econômica dessas regiões. O índice VIX de volatilidade – um termômetro de medo nos mercados – alcançou os 40 pontos no começo da tarde, patamar que não era visto desde junho.
Em Frankfurt, a Bolsa fechou o dia em queda de 4,17%, depois da informação de que a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, conseguiu um acordo para iniciar um lockdown. A mesma medida também foi adotada na França, onde o CAC 40, de Paris, caiu 3,37%. O índice FTSE 100, de Londres, recuou 2,55%
Em Nova York, Dow Jones despencou 3,34%, o S&P 500 recuou 3,52% e o Nasdaq perdeu 3,73%.