O NRE (Núcleo Regional de Educação) de Cascavel vai reunir diretores dos colégios estaduais nesta segunda-feira (17), a partir das 14h, no auditório do Ceep (Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto), para o primeiro treinamento com foco na segurança escolar. Vão participar também diretores dos colégios das cidades vizinhas, entre elas, Lindoeste e Santa Tereza do Oeste.
De acordo com a chefe do NRE de Cascavel, Luciana Paulista, o encontro será importante para trocar experiência e terá ainda a participação do Comando Regional da Polícia Militar, Ministério Público, Conselho Tutelar e do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. “Estaremos tratando sobre o protocolo com relação à segurança e ações, para todos os diretores terem acesso e replicar a informação dentro dos colégios”, explicou.
A Seed (Secretaria Estadual de Educação do Paraná) confirmou na sexta-feira (14) que já iniciou os treinamentos a nível estadual, pela Região Metropolitana de Curitiba, do primeiro módulo do Curso de Capacitação em Segurança Escolar. Com carga horária de 30 horas, o curso será ministrado também para mais de 2 mil profissionais dos 32 Núcleos Regionais de Educação até o fim da primeira semana de maio, impactando indiretamente os cerca de 100 mil profissionais da rede estadual de ensino.
As ações também entrarão no calendário escolar da Seed a partir do fim de abril. O objetivo é preparar a comunidade escolar diante de possíveis situações de violência ou ameaças à segurança dentro das escolas. O treinamento será adotado como protocolo tanto para a comunidade escolar, quanto para as forças de segurança do Paraná.
No treinamento são repassadas as ações de prevenção contra situações de risco nas escolas, tendo em vista conscientizar a comunidade escolar sobre medidas protetivas que podem ser adotadas no dia a dia das instituições de ensino para garantir a segurança de alunos e colaboradores. Além disso, será enfatizada a importância da adoção de medidas preventivas em sala para garantir a segurança, como a resolução pacífica de conflitos, conhecimento e identificação de situações de assédio, além de possíveis casos de bullying.
O treinamento faz parte do pacote de ações anunciado pelo governador, Carlos Massa Ratinho Junior, na quinta-feira (13), para prevenção a casos de violência nas escolas do Paraná. Elas têm foco no aumento da presença das estruturas de segurança pública no ambiente escolar e em uma maior integração entre os órgãos estaduais.
Escolas particulares também buscam apoio
O Sinepe (Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná) protocolou nesta semana no comando da Polícia Militar do Paraná, um ofício com pedido de reforço de segurança pra as instituições particulares de educação. Foi solicitada a instalação do botão do pânico em todos os colégios particulares do estado e do aumento das rondas da Patrulha Escolar Comunitária nesses locais.
Segundo o presidente do Sinepe, Sérgio Herrero Moraes, o sindicato tem orientado as instituições quanto as medidas de segurança e gestão de crise e violência, por meio de reuniões com especialistas da área e que aguardam uma posição oficial da Polícia Militar. “Esperamos que os órgãos públicos municipais e estaduais ampliem as ações para todos os alunos, inclusive da rede particular”, pediu.
No Paraná, são cerca de 2 mil unidades educacionais da rede privada de ensino, da Educação Infantil ao Ensino Superior, com mais de 581 mil alunos.
Psicóloga fala como tratar o assunto “dentro de casa”
A reportagem do Jornal O Paraná conversou com a psicóloga materno infantil, Elaine Barros Veronese, que falou sobre como lidar com a “sensação de insegurança”. Segundo ela, a conversa com os filhos deve ser de acordo com a idade e que o medo nas crianças começa a partir dos 6 anos e que isso acaba passando para os pais, familiares e toda a comunidade escolar, porém, existem forma de amenizar os efeitos.
Para a psicóloga, quando há crianças menores de 6 anos, o melhor não ficar expondo a situação, mas orientar na questão da segurança caso ela presencie alguma situação “diferente”. Quando são maiores elas já perguntam e questionam e, nesses casos, primeiro é necessário saber o que ela tem de conhecimento sobre o tema e qual seu nível de compreensão para, então, orientar. “Temos que buscar não deixar as crianças expostas para terem uma angústia ainda maior, lendo em voz alta, vendo imagens ou deixar que elas tenham acesso a isso. Isso só vai gerar ainda mais ansiedade”, alertou.
Quando as crianças são maiores, aquelas que são ansiosas tendem a se alarmar ainda mais e nesses casos, é importante ter ainda mais cautela. “Para acalmar, temos que tranquilizar, dizer que as escolas estão implantando medidas de segurança e que as medidas estão sendo tomadas. Explicar que o professor está alerta, que tem segurança no ambiente escolar, acolher o medo e a ansiedade e sempre confortar”.
No caso dos adolescentes, a psicóloga indica que é preciso ouvir ainda mais e orientar, falar sobre o bullyng. Outra dica é analisar comportamentos, se mostrar disponível para ajudar e auxiliar. Elaine lembrou que diante de situações como essas, é natural do ser humano, acionar mecanismo da proteção. Para ela, nestes momentos é importante sempre lembrar que as crianças precisam ir para a escola, que é um ambiente necessário e que a vida tem que continuar.
“Precisamos reverter tudo isso em medidas protetivas e confiar no ambiente escolar e principalmente na educação que damos para os nossos filhos. Temos que entender que quando entregamos o nosso filho para uma escola, se abre uma lacuna e temos que confiar e orientar. A preocupação é natural, mas ela deve ser consciente e não pode deixar que nos paralise. Temos que orientar, obter informações e cobrar segurança das autoridades, mas sempre de forma consciente”, completou.