Cotidiano

Receita Estadual: Prejuízo já comprovado passa de R$ 730 milhões

Durante a Operação Publicano, já foram 47 mandados de prisão cumpridos

Londrina – “Até o dia 19 de novembro, a Receita, refazendo as autuações anteriores ou as atuações dos fiscais nas empresas investigadas nas fases um e dois da operação, chegou a R$ 732,9 milhões (de valor não arrecadado) com juros e multas. Isso corresponde até agora a praticamente o que o Ministério Público do Paraná gasta em um ano de orçamento”.

Essa declaração do coordenador estadual do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), feita ontem, indica que os prejuízos causados ao Fisco paranaense com o esquema de corrupção operado a partir da Delegacia da Receita Estadual de Londrina pode superar a soma de R$ 1 bilhão.

Isso porque nesse montante ainda não estão incluídas as fraudes apuradas nas fases três e quatro, sem contar que o Ministério Público atestou que o esquema de corrupção na Receita era operado desde 2005, ou seja, há 30 anos.

A quarta etapa foi desenvolvida ontem e se concentrou em irregularidades praticadas entre 2013 e 2015. A polícia saiu às ruas de Londrina, Curitiba e Cascavel e algumas pequenas cidades do Norte do Estado para cumprir mais de cem mandados judiciais.

Desses, 47 eram mandados de prisão contra 44 auditores fiscais – 35 deles já implicados nas fases anteriores da Publicano -, um advogado, um empresário e um intermediador. Os demais eram de condução coercitiva – em que o suspeito é levado para prestar depoimento e depois liberado.

Modus operandi

“O funcionamento do esquema investigado nesta fase era o mesmo que foi esclarecido anteriormente. Na maioria das vezes, é a situação do fiscal comparecer na empresa a pretexto de executar uma fiscalização, apontar um valor de multa muito superior que deveria ser pago. A partir desse momento, começa a negociar valores com empresários para a redução ou a omissão do auto de infração”, explicou o promotor Jorge Barreto da Costa, do Gaeco de Londrina, para onde foram levados todos os presos.

Essa operação resultou de uma investigação envolvendo mais de 40 novas empresas.

Pedro Muffato

Entre os empresários ouvidos ontem está Pedro Muffato, ex-prefeito de Cascavel, que foi conduzido até a sede do Gaeco na cidade para prestar esclarecimentos. Nada foi revelado em relação ao teor do depoimento nem sobre a suspeita que pesa contra ele.

Depois de ouvido, Muffato foi liberado e não falou com a imprensa. Pessoas próximas informaram que ele iria a Londrina de livre e espontânea vontade para se inteirar da situação e explicar ao Gaeco que não se beneficiou do esquema.