BRASÍLIA – O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), afirmou pela primeira vez, publicamente, que não irá renunciar ao cargo de vice-presidente da Casa. Ele chegou há pouco à Câmara, percorreu o Salão Verde e, sem parar para falar com os jornalistas, apenas respondeu que não renunciaria e que é preciso administrar o país.
– Não tem renúncia, sem renúncia. É preciso administrar o país – disse, antes de entrar no gabinete da presidência.
Há uma semana como presidente interino da Casa, depois do afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato parlamentar, Maranhão está sendo pressionado a renunciar depois que assinou ato anulando a votação do impeachment na Câmara, revogado por ele próprio diante da repercussão negativa na Casa e da decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) de ignorar a decisão.
O PP ameaça a expulsão Maranhão da legenda e o DEM e o PSD entraram com representação contra ele no Conselho de Ética. Há partidos também defendendo que a Câmara tome uma decisão drástica de afastamento dele do cargo, votando em plenário proposta neste sentido. Para os partidos, Maranhão se desgastou perante a Casa e não teria condição de presidir votações importantes de propostas na Casa.
'RAINHA DA INGLATERRA'
Mesmo assim, Maranhão resiste e tem avisado por aliados próximos que não renunciará. Uma alternativa começou a ser construída por aliados de Cunha, propondo que ele seja mantido no cargo, mas que as sessões plenárias sejam presididas por outro integrante da Mesa Diretora, o primeiro secretário Beto Mansur (PRB-SP) ou o segundo vice-presidente da Casa, Fernando Giacobo (PR-PR). A solução deixaria Maranhão com papel de “rainha da Inglaterra”. Assim, teria o cargo, mas não comandaria. A oposição continua defendendo que seja declarada a vacância da presidência da Câmara, já que o afastamento de Cunha é por tempo indeterminado, até o julgamento da ação penal contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF).
Ontem aliados de Maranhão disseram que, nas conversas que tem mantido com líderes e aliados, ele apresenta as duas soluções: aceitaria uma “gestão compartilhada da Câmara”, dividindo com os líderes e os demais integrantes da Mesa, o que abriria espaço para que outros comandem a sessão, ou toparia declarar a vacância da presidência da Câmara, como pressiona a oposição. E quer ouvir deles, segundo seus aliados, o que preferem.