Cotidiano

Portas fechadas e mobilização 24h “engrossaram” as manifestações

Portas fechadas e mobilização 24h “engrossaram” as manifestações

Cascavel – Desde o último dia 30 de outubro quando foi divulgado o resultado do segundo turno das eleições presidenciais, manifestações se espalharam por todo o Brasil que questiona o resultado das urnas que garantiu a vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Em todo país, rodovias foram interditadas e “acampamentos” montados em frente as unidades do Exército Brasileiro. No Oeste do Paraná, manifestantes também estão mobilizados. Em Cascavel, uma das primeiras ações foi o fechamento do Trevo Cataratas logo no início da semana passada. Buzinaços, a bandeiras do Brasil e as roupas com as cores verde e amarelo, viraram símbolo do movimento.

Para não prejudicar o fluxo e o trânsito, os manifestantes deixaram as rodovias e mudaram de local em seguida, passando a ter Rua 25 de Agosto, em frente a sede do Exército Brasileiro em Cascavel, como local de encontro para as manifestações, que desde então, ocorrem de forma ininterrupta. Nesta segunda-feira (7) muitos comerciantes fecharam as suas portas e aderiram à manifestação, engrossando as manifestações.

Além dos comerciantes locais, um grupo de produtores rurais deixou as propriedades e em carreata percorreram as principais ruas de Cascavel. Depois de se concentrarem frente à Prefeitura Municipal, com as bandeiras hasteadas em seus tratores, carros e caminhões, o grupo se uniu ao movimento em frente ao Exército. Durante todo o dia a rua esteve aberta para a passagem dos veículos das pessoas que questionam o resultado das eleições.

Jadir Rezende proprietário da Construtora Saraiva de Rezende foi um dos comerciantes que fechou as portas. “Temos que lutar pelo futuro dos nossos filhos e não aceitamos um presidente que não vai proteger a família”, disse o empresário. Ele contou que a decisão de parar com as atividades ocorreu para todos os funcionários, que foram livres para aderir também a manifestação e que não tem data para retomar os trabalhos, vai depender do andamento da manifestação e de uma resposta oficial sobre as eleições do segundo turno.

Mulheres da Direita

Luciana Rodrigues Machado é fundadora do Movimento Mulheres Patriotas de Cascavel e desde o início das manifestações tem participado e contribuído de forma voluntária com mobilização, a exemplos de grande parte da população em diversas cidades do Paraná e do Brasil. Ela é empresária e também fechou as portas na segunda-feira (7), e deverá ficar com suas atividades suspensa pelos próximos dias. Ela disse que o movimento está fortalecido e que ficará firme até que tenham uma resposta do Ministério da Defesa e do Exército Brasileiro quanto ao resultado e a transparência das urnas.

Luciana Machado contou que o movimento é recente, mas bastante fortalecido. Elas iniciaram os trabalhos no dia 10 de outubro e no dia 25 conseguiram trazer à Cascavel a primeira-dama Michelle Bolsonaro. “Somos mulheres de vários locais e em prol da pátria. Não concordamos com o resultado do segundo turno e sim, vamos lutar para termos uma posição oficial sobre a situação”, esclareceu. Segundo ela, pelos dados levantados na manifestação nesta segunda-feira (7) a adesão a paralisação do comércio teve pelo menos 300 empresas desde as maiores até micros e pequenas, além de profissionais liberais paralisaram suas atividades.

Estrutura 24h

O ponto de encontro da manifestação que começou com um pequeno grupo também cresceu nos últimos dias e, em forma de revezamento, o local tem representantes durante as 24 horas do dia. Foram montadas tendas, barracas, instalados banheiros químicos e também contam com carro de som. Além disso, a organização montou uma cozinha aonde são preparados alimentos e servidos aos manifestantes, com apoio de pessoas e de empresas que doam os alimentos e água, além de outros produtos.

Conforme a líder, há uma grande quantidade de mulheres voluntárias trabalhando que se revezam de acordo com a disponibilidade, formando grupos para não deixar o movimento desassistido. “Não sabemos como será nos próximos dias, mas estamos aqui fortalecidos e aqui ficaremos até termos uma resposta; uma resposta concreta se houve ou não uma fraude nesse resultado”, concluiu.

Cidades vizinhas

Diversas cidades da região Oeste também aderiram à manifestação. Adriana Trento, empresária de Corbélia, disse que na cidade que tem cerca de 18 mil habitantes, quase todas as empresas, num total de 235, fecharam as portas ontem. Os representantes se reuniram logo nas primeiras horas da manhã em frente à Catedral da cidade e, por volta das 10h, saíram em carreata rumo à Cascavel e se uniram com os manifestantes em frente ao Exército da cidade.

“Vamos continuar aqui até quando for necessário. Temos empresários, comerciantes, agricultores e população em geral que busca o mesmo objetivo e protesta quanto a esse resultado”, disse Adriana. Outras cidades da região também tiveram manifestações. Em Assis Chateaubriand cerca de 95% das empresas fecharam as portas e os comerciantes ficaram nos dois lados da PR-239, na saída para Toledo.

Em Foz do Iguaçu um acordo entre os manifestantes e autoridades liberou uma das pistas da Avenida República Argentina que estava bloqueada desde a semana passada, aonde fica a sede do Exército da Fronteira. Nesta segunda-feira (7) alguns caminhões também chegaram ao local da manifestação no centro da cidade e aderiram ao movimento.

Foto: Celso Dias

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Manifestação em várias cidades

Maripá – Vários municípios do Oeste têm pontos de manifestação. Maripá, Palotina e Nova Santa Rosa fecharam o comércio e se uniram em pontos estratégicos em suas respectivas cidades. A maior concentração ocorreu no trevo da PR-182, entre Toledo e Palotina, com centenas de pessoas reunidas. Em Marechal Cândido Rondon, a mobilização ocorreu no sábado, reunindo um expressivo número de adeptos. O mesmo foi registrado em Pato Bragado e Entre Rios, e em toda Costa Oeste.

O presidente da Câmara de Vereadores de Maripá, Édio Sartori, defende a mobilização e diz que o momento é o de “não abaixar a guarda”. A mobilização vem ocorrendo nos últimos dias, enfraqueceu no fim de semana e ganhou corpo novamente no início desta semana. “Praticamente o comércio das cidades vizinhas aderiram ao movimento e essa postura será mantida enquanto a situação não sofrer um revés”.

A expectativa da população envolvida nas manifestações é de que algo ocorre até quarta-feira. “É o momento de todos unirmos nossas forças para que a mudança aconteça e o Brasil continua no eixo do desenvolvimento”. Para Sartori, “essa mobilização nacional mostra a insatisfação de mais de 50% da população brasileira com o resultado das eleições, não concordando com o pleito”.

Mulheres da Direita

Luciana Rodrigues Machado é fundadora do Movimento Mulheres Patriotas de Cascavel e desde o início das manifestações tem participado e contribuído de forma voluntária com mobilização, a exemplos de grande parte da população em diversas cidades do Paraná e do Brasil.

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Nota do Editor

As manifestações democráticas registradas em Cascavel nas últimas semanas, bem como em todo o Oeste do Paraná, no estado e no Brasil, são o fruto de mobilizações voluntárias e conjuntas de grande parte da sociedade que questiona diversos pontos das Eleições 2022, exercendo sua plena cidadania e os direitos democráticos previstos e garantidos pela Constituição Federal. Tanto em Cascavel, como nas demais cidades, não há lideranças estabelecidas, as ações são voluntárias e coletivas.

Diferente do que foi publicado na versão impressa da edição esta terça-feira (8), a empresária

Luciana Rodrigues Machado, fundadora do Movimento Mulheres Patriotas de Cascavel, não está à frente das manifestações que acontecem desde a semana passada, mas como cidadã, tem participado e prestado apoio voluntário, a exemplo de milhares e milhares de pessoas, em todo o país.