Cotidiano

Mundo vive mais grave crise humanitária desde 1945, diz ONU

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NOVA YORK – O chefe de assuntos humanitários da ONU, Stephen O’Brien, relatou ao Conselho de Segurança da entidade que o mundo vive a mais grave crise humanitária desde 1945. Segundo O’Brien, é urgente uma resposta global para evitar que 20 milhões de pessoas morram de fome em Iêmen, Sudão do Sul, Somália e o Nordeste da Nigéria, todos afetados por conflitos civis.

De acordo com O’Brien, a crise mais grave ocorre no Iêmen, onde o conflito entre forças xiitas e o governo sunita apoiado pela Arábia Saudita deixa dois terços da população (18,8 milhões) em necessidade de ajuda humanitária.

? Há três milhões de pessoas com fome crônica a mais que em janeiro ? relatou.

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Quase 1,4 milhões de crianças correm risco iminente de morte por desnutrição, em consequência das crises de fome que pairam sobre os quatro países, disse em fevereiro o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), um dia depois que foi declarado estado de fome no Sudão do Sul ? onde, por causa da guerra civil desde 2013 e da hiperinflação, muitas pessoas não têm acesso a alimentos básicos. O diretor-executivo da agência das Nações Unidas, Anthony Lake, disse que a situação exige urgência para ser solucionada.

? O tempo está correndo contra mais de um milhão de crianças. Ainda podemos salvar muitas delas. A desnutrição severa e a fome iminente são, em grande parte, causadas pelo homem ? denunciou Lake. ? Nossa Humanidade precisa de uma ação mais rápida. Não podemos repetir a tragédia de 2011, da fome no Nordeste africano.

No Nordeste da Nigéria, o número de crianças com casos severos de desnutrição deve chegar a até 450 mil neste ano para os estados de Adamawa, Borno e Yobi. As localidades são afetadas pela viiolência do grupo terrorista Boko Haram. A inanição pode chegar a outros estados, onde a ajuda humanitária tem pouco acesso, como já aconteceu ? e ainda ocorre ? em Borno, segundo o sistema de monitoramento de fome Fews Net.

Já na Somália, as condições da seca ameçam uma população já fragilizada por décadas de guerra civil no país. De acordo com o relatório da Unicef, quase metade da população ? cerca 6,2 milhões de habitantes ? enfrenta uma grave insegurança em relação aos alimentos e precisa de assistência humanitária. Pelo menos 185 mil crianças devem sofrer com desnutrição ainda neste ano. No entanto, o número pode aumentar para 270 mil nos próximos meses. As mais graves crises de fome dos últimos cem anos

No Sudão do Sul, país afetado pela guerra civil, pobreza e incertezas, mais de 270 mil crianças estão subalimentadas. A fome foi declarada recentemente por outros organismos das Nações Unidas, principalmente na região centro-norte do país, onde vivem 20 mil crianças. O número total de pessoas que vivem sob a escassez de alimentos deve subir de 4,9 milhões para 5,5 milhões em julho, se nada for feito para frear a crise alimentar.

E, ainda, no Iêmen, onde uma guerra civil já dura dois anos, 462 mil crianças sofrem com casos severos de má nutrição ? um aumento de quase 200% desde 2014.

O Unicef informou que está trabalhando com parceiros para providenciar tratamento terapêutico as crianças desnutridas nos quatro países. Guerra e desnutrição no Iêmen