RIO ? Um dia após o encerramento da Olimpíada, que mobilizou investimentos públicos e privados de R$ 39 bilhões, o projeto ?Placar final: cidade x legado? reúne a partir de hoje uma série de filmes, seguidos de debates, para tentar compreender e mensurar o saldo da aventura olímpica. Também faz parte da programação uma exposição do Coletivo Trama. O evento idealizado por Dodô Azevedo, com curadoria de Luiza Paiva, Luiza Andrade e Larissa Ribas, tomará até quarta-feira o foyer e as salas do cinema Estação NET, em Botafogo. A abertura hoje, às 21h, será com a exibição do longa-metragem ?Olympia? (2016), de Rodrigo MacNiven, seguida de debate com a presença do diretor.
?Olympia? se aproxima de reflexões sobre a realização dos Jogos, mas amplia sua investigação para os megaeventos em geral, e busca evidenciar seus impactos e legados, quem se beneficia e quem se prejudica com eles. Apesar de trazer imagens do Rio, a produção mistura documentário e ficção e não se refere nominalmente à cidade e nem a governantes, políticos e empresários. A Olympia onde se passa o filme poderia ser o Rio, mas é mais um símbolo de toda grande cidade subjugada a conluios políticos que agem para atender interesses próprios.
? O filme olha para o que vem antes da Olimpíada ? conta Dodô. ? É a história de uma cidade que vai ser atravessada por um evento gigantesco. Ele revela bastidores, interesses políticos e financeiros que guiam a preparação dos Jogos.
Após a abertura, a mostra se divide em dois blocos: ?O impacto das Olimpíadas nas comunidades? e ?Legado global dos megaeventos esportivos?, que contrapõem privilégios individuais e benefícios públicos, o estado-empresa que pode tudo ? derrubar casas e desalojar moradores ? e o cidadão que apenas cumpre os (des)mandos de quem detém o poder. De olho nos impactos locais, os filmes de amanhã mergulham no microcosmo das comunidades e seus moradores. Serão exibidos dois episódios da série ?Contagem regressiva?, de Luis Carlos de Alencar, o longa ?The fighter?, de Dara Kell & Christopher Nizza (Brasil, África do Sul e Suíça), e o curta ?Eu fico?, de Jorge Sequera e Michael Janoschka (Espanha). Já na quarta a mostra se encerra com curtas da série ?O legado somos nós?, de Priscila Neri; com o média ?A marcha dos elefantes brancos?, de Craig Tanner (África do Sul e Brasil), e com um debate com o geógrafo Christopher Gaffney e o arquiteto Lucas Faulhaber.
? Falhamos ou não? E em quê? ? pergunta Dodô. ? Ninguém ter ficado doente na Baía de Guanabara é dar certo? Isso era um grande risco, uma falha. Nesse momento de euforia, em que as pessoas ainda não parecem dispostas a questionar os Jogos, apostamos na importância de abrir um espaço de reflexão.