LISBOA- O governo de Portugal está confiante de que conseguirá assinar finalmente o acordo de privatização da aérea TAP até o prazo de 21 de maio, pois faltam apenas acertar “detalhes jurídicos” com o consórcio Gateway, disse o Ministro do Planejamento e Infraestruturas português.
“Ainda não assinamos os documentos. Está obviamente muito adiantado. Espero em breve ter os documentos assinados, espero cumprir o prazo”, disse o ministro Pedro Marques a jornalistas.
Em 6 de fevereiro, o governo socialista português firmou um memorando de entendimento com o consórcio privado Gateway, que aceitou vender uma parcela de 11% do capital da TAP de volta ao Estado, após ter adquirido 61% em uma privatização em novembro de 2015, que foi posteriormente contestada pelos socialistas.
“A celebração do memorando de entendimento deu estabilidade à empresa, garante que o Estado vai estar como maior acionista da empresa, de modo permanente”, frisou o Ministro do Planejamento e Infraestruturas, acrescentando que isso não afasta o investimento privado que permitiu capitalizar a empresa.
Falta contudo, firmar o contrato final.
“São documentos jurídicos muito detalhados que vão informar o futuro da empresa”, explicou Pedro Marques.
“O entendimento político sobre o futuro do funcionamento da empresa no seu geral entre o Estado e os investidores privados foi concretizado no memorando. Depois, há detalhes jurídicos muito complexos que têm de ser fechados porque é preciso gerir a empresa no dia-a-dia com esses pormenores”.
“Na sequência destes documentos teremos de fazer notificações aos reguladores. São tudo passos normais”, acrescentou.
Com o acordo, o Estado português aumentará sua participação frente os 39% iniciais, e comprometeu-se a não ter mais de 50% do capital e a não interferir na gestão diária da companhia aérea, que se manterá com estatuto de empresa privada.
O consórcio privado Gateway é liderado por Humberto Pedrosa, que é dono do grupo Barraqueiro. O outro acionista é David Neeleman, que tem dupla nacionalidade, brasileira e norte-americana, e fundou a companhia aérea brasileira Azul.
O Ministro das Infraestruturas e Planejamento disse estar confiante de que o acordo terá o aval dos reguladores quanto à exigência de controle por investidores europeus.
“Estou confiante que, em relação à maioria europeia, quando o Estado tem 50%, (a questão) não se colocará a partir daqui”, disse. “Mas respeitaremos o trabalho do regulador”.
INVERSÃO DE CICLO?
Pedro Marques disse que a aérea continua a sofrer com as dificuldades econômicas de alguns dos principais destinos.
“A TAP está sendo afetada pela situação na Venezuela e de Angola, e mesmo do Brasil. São mercados para onde a TAP tinha uma procura grande”, referiu.
“Dito isto, a empresa também é afetada positivamente pela baixa dos custos dos combustíveis”.
Em 2015, o prejuízo da TAP piorou para 99 milhões, contra 46 milhões negativos no ano anterior, absorvendo 91,4 milhões de euros relativos a receitas retidas na Venezuela.
A dívida total da TAP continua ampla, mas caiu para 942 milhões em 2015 ante 1,062 bilhão no ano anterior.