CIGARRO ELETRÔNICO

Como combater o vício se “o exemplo vem de casa”?

Como combater o vício se “o exemplo vem de casa”?

O uso de cigarro eletrônico mais conhecido como “vape” ou “pod” está cada vez mais presente no dia a dia dos adolescentes e dos jovens, que acabam levando os dispositivos para o ambiente escolar. Nesta semana, uma reunião foi realizada na Câmara Municipal de Cascavel para debater o problema, onde foi definida a realização da Campanha “Vape Zero” por diversos órgãos com o objetivo de conscientizar sobre os prejuízos causados pelo consumo do cigarro eletrônico.

O vereador Hudson Moreschi Júnior é um dos parlamentares que está incentivando as ações e disse que o que parece algo inofensivo, tem causado muitos problemas de saúde pública e que, por isso, a ideia do encontro foi de provocar a sociedade neste encontro que contou com a participação de acadêmicos de medicina, colégios estaduais e particulares, para que possam ser abordados todos esses prejuízos diretamente para os adolescentes.

“Acreditamos que com essa iniciativa vamos impactá-los, inclusive para que eles sejam multiplicadores dessa prevenção com relação aos pais, que infelizmente acabam consumindo também esses produtos”, relatou. A ideia é promover as ações no mês de junho, já que está em tramitação uma lei municipal que instituiu o “Junho Branco” – uma campanha de conscientização com relação ao combate de drogas lícitas e lícitas, entre eles, o cigarro eletrônico.

A princípio, a campanha será lançada no dia 6 de junho no Colégio Estadual Eleodoro, a partir das 8h, para que, na sequência, seja apresentado a todos os colégios tanto estaduais quanto particulares pelos acadêmicos de medicina que irão para dentro das salas de aula falar sobre as consequências do uso do cigarro eletrônico.

Colégios

Em cerca de dois meses e meio foram recolhidos 148 dispositivos no Colégio Estadual do Interlagos, após uma ação interna do colégio, visto que o uso é proibido em todo o país.

Segundo dados recentes da Pense (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar) quase 20% dos estudantes do ensino médio já experimentaram cigarro eletrônico, uma alta em relação aos anos anteriores. Já o NRE (Núcleo Regional de Educação) de Cascavel informou que 22 colégios da cidade apresentam números significativos de apreensão de cigarros eletrônicos e que fiscalizar o uso do cigarro eletrônico segue sendo um grande desafio, com impactos semelhantes ao uso de drogas ilícitas.

Angelice Aver, que é chefe do NRE de Cascavel disse que o número tem aumentado consideravelmente e existem algumas ações específicas com alguns gestores, com a questão das orientações específicas e como lidar com a situação. “Para nós este campanha será muito importante, porque terá uma ação efetiva e diretamente nas nossas instituições. Quando a gente fala de fiscalização, abordagem aos alunos é uma questão mais difícil, até pela facilidade de manusear o cigarro eletrônico. Para os nossos gestores é um desafio bastante grande, tendo em vista que o acesso é muito fácil”, disse Aver.

Fiscalizar a venda e o uso deste tipo de cigarro é um dos trabalhos da Vigilância Sanitária Municipal. Rozane Campiol, que é chefe deste setor, salientou que as inspeções dos fiscais já são rotina e que no ano passado foi feita uma ação de prevenção, na qual foram inspecionados mais de 200 estabelecimentos. Todos receberam um termo de ciência, com informações das proibições e os malefícios também em relação ao cigarro eletrônico.

Ao todos, dos 200 estabelecimentos foram encontrados os dispositivos em quatro deles, no qual foram autuados e infracionados. “Os estabelecimentos não podem vender, importar, comercializar e utilizar. Ele é proibido em nível nacional, então qualquer utilização acaba sendo ilícita”, descreveu Campiol.

Rotina x combate

A reportagem do O Paraná conversou com ma diretora da rede estadual, que preferiu não se identificar, mas que relatou que o uso do cigarro eletrônico é um mal que tem assolado as escolas, as famílias e toda sociedade. Para ela, é importante que seja feito um alerta ainda maior, para que os pais repensem as suas atitudes, já que muitos alunos chegam à escola com o cigarro eletrônico que foi comprado pelos pais. “É extremamente necessário que a família perceba que isso tem atrapalhado o desenvolvimento dos alunos, atrapalhando inclusive a concentração, porque o aluno sabe que é proibido, mas fica tentando esconder, tentando usar no banheiro, atrapalhando totalmente o desenvolvimento dele na escola, sendo que ele deveria estar concentrado apenas em estudar, mas ele está preocupado em esconder, em fazer esse uso em qualquer momento que ninguém estiver olhando”, descreveu.

Para a diretora, é importante que a família tenha mais consciência e seja parceira da instituição escola que o filho faz parte, esteja mais ligada no dia a dia para orientar a não usar. “O cigarro eletrônico tem se tornado um vício e isso tem nos prejudicado. Quando flagramos, a gente tira, mas já tivemos caso em que o próprio pai vem reclamar, além de que quando vamos tirar eles dizem que o pai e a mãe também usam, ou seja, acabam tendo o exemplo dentro de casa”, relatou.

Apreensão

A comercialização deste tipo de dispositivo também é um trabalho diário nas rodovias. Nesta sexta-feira (25), a PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendeu uma grande carga de cigarros eletrônicos na BR-277 em Cascavel. As equipes realizavam fiscalização de rotina, quando abordaram o caminhão e a mercadoria acabou sendo encontrada no meio de caixas de engradados que estavam envolvidos em uma lona.

Ao todos, foram apreendidos cerca de 20 mil cigarros eletrônicos e ao ser questionado pela polícia, o motorista disse que havia carregado o caminhão na cidade de Foz do Iguaçu e que a levaria até a capital do estado, mas que receberia apenas o valor do transporte. O envolvido foi encaminhado à Polícia Federal e as apreensões e o caminhão à Receita Federal do Brasil. No país a comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos são proibidas desde 2009. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mantém esta proibição.