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Combustíveis: Livre comércio revela disparidade de preços em Cascavel

Cascavel tem valores diferentes no combustível
Descubra porque a disparidade de preços nos postos de combustível de Cascavel é tão grande. Esteja informado antes de abastecer seu veículo - Foto: Paulo Alexandre/O Paraná

Quando a esmola é demais, o santo desconfia. Esse dito popular se aplica como uma luva ao atual cenário observado nos postos de combustível de Cascavel. A disparidade entre os preços chama a atenção. Em alguns casos, como o do litro da gasolina comum, a diferença de um estabelecimento para o outro chega ao absurdo de R$ 0,94 por litro.

A disparidade de preços dos combustíveis nos postos é um fenômeno complexo, que envolve uma série de variáveis, incluindo a estrutura de custos dos postos, a concorrência local, a tributação e a política de preços das distribuidoras. É importante que os consumidores estejam atentos a essas diferenças e busquem informações sobre os preços e a qualidade dos produtos ofertados, antes de abastecer.

Os custos com manutenção, aluguel, folha de pagamento, impostos e investimentos em infraestrutura podem variar de um posto para outro. Postos que possuem maiores custos operacionais precisam cobrar preços mais altos para cobrir essas despesas.

Cada posto adquire combustíveis de fornecedores distintos, e o preço de compra pode variar dependendo do volume de compra, da negociação com distribuidoras e da localização do posto em relação às refinarias ou centros de distribuição. Postos que compram em maior volume ou com melhores condições comerciais podem ter preços mais baixos.

Disputa

O livre comércio tem acirrado a disputa pelo preço do litro do combustível em Cascavel, realidade não muito diferente da verificada em outros estados. A variação é notória. Há postos comercializando o litro da gasolina comum a R$ 5,89 e outros a R$ 6,83. É preciso ressaltar que o custo muito baixo do combustível pode suscitar algumas dúvidas quanto à qualidade do produto. Não é uma análise generalizada, mas sempre é preciso ficar atento.

A falta de transparência sobre os custos de distribuição e margens de lucro pode dificultar a compreensão exata do porquê de certas disparidades de preços entre os postos. Embora as autoridades de defesa do consumidor frequentemente monitorem os preços, a complexidade da cadeia de distribuição pode dificultar a análise detalhada.

Em entrevista concedida à equipe de reportagem do Jornal O Paraná, o diretor da Paranápetro, Roberto Pellizzetti, comenta que a margem média bruta dos proprietários dos postos de combustível é de 15%. “Vendendo a gasolina barato demais, a conta não fecha”, comenta, classificando o feito de alguns estabelecimentos como “milagroso”.

Diferenças

A realidade dos postos de combustível da cidade e aqueles de beira de estrada são bem díspares. Nos postos de estrada, é possível vender a gasolina mais em conta pelos seguintes motivos. A rentabilidade de um dia obtida com a venda do diesel é a mesma que um posto de combustível na cidade contabiliza em um mês, envolvendo todos os demais combustíveis. “O posto da estrada precisa vender a gasolina, por isso baixa o preço, porque ele sabe que o motorista, quando vai viajar, já quer sair com o tanque cheio de onde estiver e costumeiramente faz isso na cidade, a não ser que o preço do litro esteja mais em conta no caminho”.

Conforme Pellizzetti, ao contrário do que muitos pensam, o preço dos combustíveis não são tabelados. “É a mesma realidade de outros produtos que encontramos nos supermercados”. Segundo ele, o cenário de hoje é diferente daquele em que o Jornal Nacional anunciava o aumento no preço de combustíveis para o dia seguinte e filas quilométricas se formavam imediatamente nos postos. Para ele, aplicativos que mostram a diferença nos preços acabam condenando os empresários que trabalham de maneira séria. “Estão alimentando a cadeia da ilegalidade”.

“Nesse mercado de combustíveis, existe de tudo. Produtos adulterados e até bombas que podem vender menos que na entrega”, diz um comerciante entrevistado por O Paraná, que prefere não se identificar para não sofrer represálias. Hoje também, o consumidor consegue obter vantagem por meio dos cashbacks oferecidos pelas companhias.

Preço do diesel e do etanol sobem na Região Sul, aponta levantamento

O mais recente Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL), levantamento que consolida o comportamento de preços das transações nos postos de combustível, trazendo uma média precisa, revelou que, em novembro, a gasolina na Região Sul manteve estabilidade ante outubro, sendo comercializada a R$ 6,19. Já o etanol e o diesel registraram aumento em seus preços: o etanol subiu 1,14%, a maior alta para o biocombustível entre todas as regiões, e foi comercializado a R$ 4,45; o diesel S-10 teve aumento, de 0,84%, sendo vendido a R$ 6,03; e o diesel comum, comercializado a R$ 5,95, registrou alta de 0,68%.

“Entre todos os estados brasileiros, o Paraná foi o que apresentou as menores médias de preço para ambos os tipos de diesel. O estado é uma ilustração de todo o Sul, que se manteve como a região mais barata para quem abastece com os dois tipos de diesel, estando abaixo das médias de preços nacionais. Já para quem utiliza o etanol na região, o cenário é diferente. O litro do biocombustível é R$ 0,23 mais caro na região do que a média nacional. Por isso, também, o etanol, quando comparado à gasolina, só foi considerado economicamente vantajoso no Paraná. Contudo, vale ressaltar que a escolha pelo etanol vai além da questão financeira pois ele é uma opção mais sustentável por emitir menos poluentes na atmosfera e contribuir para uma mobilidade de baixo carbono”, destaca Douglas Pina, Diretor-Geral de Mobilidade da Edenred Brasil.