
Os cientistas combinaram dados eletrocorticais, de pressão arterial, frequência cardíaca, entre outros. Os pacientes analisados estavam internados em uma Unidade de Terapia Intensiva de hospital na província de Ontario, e tinham idades de 58, 67, 70 e 72 anos ? sendo dois homens e duas mulheres.
No grupo, foi constatada uma diferença significativa na evolução da atividade cerebral nos 30 minutos anteriores e cinco minutos posteriores à morte. Em três pacientes, a inatividade cerebral foi constatada entre 4 e 10 minutos antes da morte; em outro, porém, foi observada a atividade cerebral por pouco mais de 10 minutos após o óbito, através das chamadas ondas delta ? ondas cerebrais normalmente averiguadas durante o sono.
Outra descoberta surpreendente foi a de que, no momento em que o coração parou nestes pacientes, não foram observadas mudanças abruptas na atividade cerebral ? tornando mais remota a possibilidade de que humanos passem por uma “onda da morte”, fenômeno observado em ratos onde as ondas cerebrais se tornam intensas durante um minuto após o óbito, até pararem definitivamente.
O misterioso caso do paciente poderia estar relacionado a algum erro no estudo, mas os pesquisadores afirmaram que nenhum defeito foi observado nos equipamentos utilizados. Os autores apontam, porém, para a necessidade de mais estudos sobre a atividade corporal após a morte ? o que levanta “desafios éticos” relacionados, por exemplo, aos procedimentos de doação de órgãos.
“O momento da definição da morte para a doação de órgãos representa um desafio médico e ético. Preocupações vêm sendo levantadas quanto ao momento da inatividade eletrocerebral em relação à parada das funções circulatórias em doações de órgãos após a morte cardiovascular”, argumentam os autores.