Cotidiano

Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai discutirão crise no Mercosul amanhã

BUENOS AIRES – Representantes dos governos do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai se reunirão nesta quinta-feira, em Montevidéu, para discutir a crise desencadeada no Mercosul em torno à situação da Venezuela. A informação foi confirmada nesta quarta-feira pelo ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Eladio Loizaga, em Assunção. Segundo ele, o governo do presidente Nicolás Maduro disse que a reunião ?não corresponde? já que não foi convocada pela Venezuela, que continua insistindo em autoproclamar-se presidente pro tempore do bloco, apesar da enfática oposição de três de seus sócios (o Uruguai é o único que não se opõe).

O encontro, disse Loizaga, será realizado na sede da Secretaria Administrativa do Mercosul. Paralelamente, os presidentes de Brasil (Michel Temer, interino), Argentina (Mauricio Macri) e Paraguai (Horacio Cartes) se encontrarão durante eventos paralelos à Olimpíada do Rio e, segundo fontes brasileiras e argentinas, aproveitarão a oportunidade para conversar sobre a disputa com a Venezuela no Mercosul.

? Brasil, Argentina e Paraguai coincidem em que a Venezuela está em dificuldades para ser membro pleno ? declarou nesta quarta-feira o chanceler paraguaio.

Tentando evitar responder diretamente aos ataques do governo venezuelano ? que chegou a acusar os três países de estarem armando uma nova Operação Condor, em referência ao plano de ação conjunta das ditaduras dos anos 70 e 80 ?, Loizaga disse apenas que ?nós vivemos num Estado de direito?.

? Não silenciamos os jornalistas, aqui existe liberdade de imprensa, liberdade de movimento e se respeitam as minorias. A democracia não é fácil ? assegurou o ministro do governo Cartes.

O chanceler paraguaio questionou a decisão do Uruguai de encerrar sua presidência sexta-feira, sabendo que não seria possível transferir o posto para a Venezuela, país que, em teoria, deveria assumir o comando, de acordo com o calendário oficial do bloco. A presidência do Mercosul é rotativa e muda a cada seis meses, por ordem alfabética.

? Poderíamos ter conversado um pouco mais e não deixar a bola quicando assim. Falamos com a Argentina e com o Brasil e temos de encontrar uma solução para esta acefalia ? afirmou Loizaga.

Amanhã, coordenadores e representantes das chancelarias dos quatro países tentarão discutir, disse o ministro paraguaio, ?o que fazer nos próximos seis meses?. Uma possibilidade é passar a presidência para a Argentina, que seria o país seguinte.

? Se vamos falar da questão jurídica, a Venezuela ainda deve cumprir várias normas vitais para ser membro pleno do Mercosul ? frisou o chanceler.