SÃO PAULO – Estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH), na zona oeste de São Paulo, ocuparam o prédio de Letras na noite desta quinta-feira. Numa página em rede social, alunos do curso afirmam que há anos, as salas de aula estão superlotadas pela falta de professores, e enumeram outros problemas no campus. A reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também está ocupada por estudantes, desde a última terça-feira, contra o corte de cerca de R$ 40 milhões no orçamento da instituição. Nesta sexta, a Justiça emitiu ofício determinando reintegração de posse, com apoio da polícia militar.
Em página social, os manifestantes da USP informam que a reitoria da universidade congelou a contratação de docentes e funcionários. Falam também que a instituição se nega a implementar a política de cotas, e que o Hospital Universitário está sendo completamente desmontado. Eles falam também que estão em greve ao lado dos trabalhadores e da Faculdade de Educação, com inúmeros cursos mobilizados e paralisando com indicativo de greve, como Medicina, Enfermagem, Psicologia, ECA, e muitos outros. Os estudantes afirmam ainda que estão em apoio aos secundaristas que ocupam escolas em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Rio Grande do Sul. Eles marcaram ato para esta tarde, no Centro de São Paulo, contra a desocupação de Escolas Técnicas sem autorização judicial.
Até a tarde desta sexta-feira, a USP não retornou os questionamentos do GLOBO sobre a ocupação.
UNICAMP OCUPADA
Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estudantes aguardam decisão da Justiça, determinando reintegração de posse. Eles afirmam que não receberam o documento até as 16h desta sexta-feira.
Para os manifestantes, o corte acarreta, entre outras coisas, na diminuição de bolsas de estudo, no congelamento de concursos e na contratação de professores e funcionários, além de afetar a manutenção de prédios.
Em nota publicada no site da Unicamp, a assessoria de imprensa explica que a crise econômica vem impactando as contas da Universidade, o que a obriga a rever o seu orçamento anual. Ela se mostra contrária à ocupação dos prédios da Universidade como forma de mobilização, pois sempre esteve e continua aberta ao diálogo.
O órgão informa que os cortes não acarretam riscos para as atividades de ensino, pesquisa, extensão e de assistência à saúde, e que todos os programas de bolsas de estudos e de apoio à assistência e permanência estudantil mantidos pela Universidade estão integralmente preservados e, em vários casos, ampliados.
Na ação em que pede a reintegração de posse, a Unicamp afirma que cerca de 500 pessoas, dentre alunos da Universidade, invadiram o prédio da administração central da Universidade, destruindo as portas.
Em sua decisão, o juiz Wagner Roby Gidaro, da 2ª Vara da Fazenda Pública, conclui que, por se tratar de uma invasão que já ocorreu há mais de 12 horas, sem o grupo demonstrar intenção de abandonar o ato, e considerando ainda que a administração pública da Unicamp precisa retomar suas atividades e que o prédio da reitoria deve ser ocupado somente por pessoas que ali trabalham e para os fins públicos a que se destina, ele concede a liminar de reintegração de posse, acompanhada pela Polícia Militar, que agirá em caso necessário.