Cascavel – A estratégia adotada pelo Governo Lula de estreitar o diálogo com o agronegócio não começou bem. A mais recente declaração do presidente provocou reação imediata do setor produtivo. Na manhã de ontem (13), ao participar da inauguração de uma fábrica de fertilizantes em Serra do Salitre, no Triângulo Mineiro, ele disse que o agronegócio precisa de um salto de qualidade.
“Ainda precisamos dar um salto de qualidade para que a gente possa fazer jus ao grau de investimento que a gente fez em ciência, tecnologia e genética nesse País”, disse Lula, aproveitando para pedir mais exportação das commodities soja e milho, por conta da tecnologia existente hoje.
A reportagem do Jornal O Paraná conversou deputado federal pelo PP do Paraná, o presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), Pedro Lupion, sobre essa nova declaração do presidente Lula, envolvendo o agronegócio. Para ele, a agropecuária brasileira deu e continua dando esse “salto” citado pelo presidente. “O agro brasileiro é o mais tecnológico do mundo. A produtividade cresce ano após ano porque estamos constantemente pesquisando e revisando nossas técnicas para melhorar nosso produto”.
O presidente da FPA recorreu ao algodão produzido no Brasil, para comprovar esse avanço tecnológico presente no Brasil. Ele disse que é possível rastrear a origem de toda e qualquer roupa brasileira. “Isso tudo é feito pelo setor sem ajuda do governo. Estamos sempre buscando mais tecnologia e ampliando o valor agregado da produção”.
Sobre a questão dos fertilizantes, Lupion comentou que é importante que o próprio governo não impeça essa evolução, uma vez que para grupos ambientalistas, alinhados ao governo, a produção de fertilizantes seria prejudicial para o meio ambiente.
SRO
A declaração de Lula ecoou pelas principais regiões produtores, entre as quais, o Oeste paranaense. O presidente da SRO (Sociedade Rural do Oeste do Paraná), Devair Bortolato, o Peninha, classificou a declaração de “infeliz”. Para ele, a fala é uma demonstração de desconhecimento do presidente sobre o agronegócio brasileiro. “Nosso agro é o mais tecnificado do mundo e um dos que mais respeito ao meio ambiente, por meio da adoção de práticas sustentáveis e concebidas de forma a causar o menor impacto possível no ecossistema”, declara, citando como exemplo o plantio direto, recuperação e correção de solo e manejo adequado das aplicações. E esse modelo utilizado como referência no mundo não se restringe apenas às commodities. No setor de proteína animal, os cuidados são ainda maiores em relação à sanidade.
Foto: AEN