AGRONEGÓCIO

Paraná tem queda de 20,3% no VBP e é 5° no ranking nacional

Entenda os impactos climáticos na produção do Paraná em 2024 e como isso afetou sua posição no ranking nacional - Foto: Gilson Abreu/AEN
Entenda os impactos climáticos na produção do Paraná em 2024 e como isso afetou sua posição no ranking nacional - Foto: Gilson Abreu/AEN

Cascavel e Paraná - O Paraná, um dos principais protagonistas do agronegócio brasileiro, enfrentou em 2024 um dos seus anos mais desafiadores. O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do Estado apresentou retração anual de 20,3%, resultado que fez a economia rural paranaense cair da terceira para a quinta posição no ranking nacional, segundo dados oficiais do PAM (Produção Agrícola Municipal) apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nesta quinta-feira (11).

A principal causa do recuo está nas condições climáticas adversas, que comprometeram a produção de grãos — base da força agrícola paranaense. Secas prolongadas, alternadas com períodos de chuvas irregulares, afetaram diretamente culturas como soja, milho e trigo, reduzindo a produtividade e, consequentemente, o valor de mercado da safra.

O impacto vai além da posição no ranking. A perda no VBP reflete também na renda de milhares de produtores rurais, que enfrentam custos crescentes de produção e margens de lucro cada vez mais pressionadas. Em um Estado onde o campo desempenha papel fundamental na economia e no abastecimento nacional, a retração serve de alerta para a necessidade de ampliar estratégias de mitigação de riscos climáticos e fortalecer políticas de apoio ao setor.

Apesar do cenário adverso, especialistas lembram que o Paraná possui tradição, tecnologia e resiliência para se recuperar nos próximos ciclos. A expectativa é de que, com condições climáticas mais favoráveis e investimentos em inovação, o Paraná volte a recuperar seu posto no ranking dos próximos VBPs.

Em 2024, o valor de produção das principais culturas agrícolas do País recuou 3,9% frente a 2023 e atingiu R$ 783,2 bilhões. Este é o segundo ano consecutivo de queda, refletindo a diminuição de 7,5% na produção de grãos, que somou 292,5 milhões de toneladas, e no valor de produção desse grupo, que caiu 17,9%, ficando em R$ 431,2 bilhões. Soja e milho, que representam quase 88,7% da produção de grãos, foram os cultivos mais afetados pelas adversidades climáticas e queda de preços, influenciando os resultados do setor agrícola em 2024.

Crescimento da área plantada

A área plantada do País, considerando todas as culturas pesquisadas, totalizou 97,3 milhões de hectares em 2024. Isto representa ampliação de 1,1 milhão de hectares, ou seja, 1,2% superior à registrada no ano anterior, mantendo o crescimento observado ao longo dos últimos anos. Dentre os produtos que vêm ganhando mais espaço no campo, a soja se destaca com o acréscimo de 1,8 milhão de hectares da área cultivada, seguida pelo algodão, com aumento de 280,8 mil hectares. Por outro lado, houve uma queda de 4,9% na área cultivada com milho. A área colhida também continua em expansão, com aumento de 0,8%, totalizando 96,5 milhões de hectares.

Segundo o supervisor da pesquisa, Winicius Wagner, as culturas sofreram com o impacto climático do El Niño.

No ranking de valor de produção, os cinco primeiros produtos continuam sendo soja, cana-de-açúcar, milho, café e algodão. A cana-de-açúcar, que passou à segunda posição, trocou de lugar com o milho, que agora ocupa a terceira posição. Os resultados variaram na comparação entre 2023 e 2024: soja (-25,4%), cana-de-açúcar (3,0%), milho (-13,5%), café (58,1%) e algodão (4,3%).

Foto: Produção Agrícola Municipal

Mesmo com uma queda de 25,4% no valor de produção em 2024, a soja continuou sendo o principal destaque em termos de valor gerado na agricultura brasileira, representando cerca de um terço do total nacional da produção e mantendo o Brasil como maior produtor e exportador global da oleaginosa.

O maior VBP do País

O maior valor de produção agrícola, pelo sexto ano consecutivo, foi registrado em Sorriso (MT), que sozinho respondeu por 0,9% do total nacional. Com importante participação no setor de grãos, Sorriso destacou-se como o terceiro município com maior valor gerado com a produção de soja (R$ 3,3 bilhões), primeiro no valor de produção do milho (R$ 2,4 bilhões), sexto no do algodão (R$ 1,3 bilhão), e quarto no valor de produção do feijão (R$ 195,7 milhões).

São Desidério (BA), com R$ 6,6 bilhões, e Sapezal (MT), com R$ 5,9 bilhões, ocuparam a segunda e terceira posições, respectivamente, com forte participação na soja e algodão.

A safra da soja em 2024 foi de 144,5 milhões de toneladas, uma queda de 5,0% em relação ao ano anterior. Apesar da expansão de 4,0% da área plantada, totalizando 46,2 milhões de hectares, o rendimento médio nacional foi 8,1% abaixo do alcançado no ano anterior. No entanto, a soja se manteve como maior destaque entre os produtos agrícolas levantados na pesquisa, respondendo por 33,2% do valor da produção total.

Exterior

No comércio internacional, com a menor oferta do produto no mercado e o menor valor da commodity, as exportações brasileiras de soja apresentaram recuo de 3,0% no volume exportado, totalizando 98,8 milhões de toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Mesmo com o registro de queda de 19,3% nas receitas com as exportações do grão, a soja consolidou-se como o produto agrícola que mais gerou divisas ao país. O maior parceiro comercial continua sendo a China, destino de 73,0% na soja exportada pelo Brasil em 2024.

Milho

O milho, em 2024, respondeu por 20,4% do valor de produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas no país, após uma safra de números abaixo do esperado. Houve redução da área plantada, da produtividade média das lavouras e dos preços da commodity, o que resultou em queda de 12,9% na quantidade produzida, totalizando 115,0 milhões de toneladas colhidas. Houve redução de 4,9% da área total de milho plantada no país, que somou 21,4 milhões de hectares, e retração de 8,2% no rendimento médio, por causa do clima adverso para o desenvolvimento da primeira safra em Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Piauí e Bahia, e na segunda safra no Paraná e em Goiás.