AGRONEGÓCIO

No Oeste: Calor extremo ameaça lavouras e traz riscos ao milho 2ª safra

Entenda os impactos da onda de calor no setor agrícola e como o calor pode gerar perdas milonárias nas safras - Foto: Arquivo
Entenda os impactos da onda de calor no setor agrícola e como o calor pode gerar perdas milonárias nas safras - Foto: Arquivo

Paraná - A onda de calor extremo não tem impacto só para quem é obrigado a trabalhar debaixo de um sol de mais de 30 graus e a saúde que precisa de mais atenção para evitar a desidratação e problemas com a pele. A grande preocupação também é com a quebra de produtividade no campo, o que ocasionaria prejuízos milionários para o setor. O grande temor é para um fenômeno parecido com o registrado na safra 2021/22, em que a estiagem castigou severamente a região Sul do Brasil, em especial, o Paraná.

Solo Paranaense

Naquela ocasião, as perdas somente em solo paranaense superaram a cifra dos US$ 6 bilhões. Somando os estados do Sul mais o Mato Grosso, esse número sobe para US$ 15 bilhões. Os cálculos são do chefe da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, que repassou estes dadios em entrevista exclusiva concedida ao Jornal O Paraná, na última semana, durante o Show Rural.

A NOAA, agência climática norte-americana informou que o fenômeno La Niña tende a acabar no mês de abril. Após um período de neutralidade climática, a estimativa agora gira em torno de uma segunda La Niña ainda neste ano. Eis o motivo para as altas temperaturas registradas nos últimos dias.

Neste início de semana, Marco Antonio dos Santos, do Rural Clima, faz coro à declaração do chefe da Embrapa Soja. “Se realmente os prognósticos das intensas ondas de calor se confirmarem, será uma repetição da terrível seca enfrentada na safra 2021/22, ou seja, uma quebra significativa, não somente no Rio Grande do Sul, mas no Paraná e Santa Catarina e toda a América do Sul”.

Em alerta

Se esse cenário se confirmar, tende a ser um desastre para a Região Sul e uma mega safra nas regiões centrais e Norte do Brasil. “Lógico que ainda está muito cedo para afirmar de fato essa La Niña. Porque quando você olha projeções bem mais estendidas, há uma tendência até de que o verão de 2026 possa ser formado por um El Niño”. A La Niña perpetua até pelo menos a primavera de 2025. “O El Niño está começando a ganhar um pouquinho de força. Então precisamos ficar de olho, mas caso isso se confirme de fato é extremamente preocupante, principalmente para o Sul do Brasil”, destaca o diretor do Rural Clima.

Região Sul

Em meados da próxima semana, a onda de calor tende a deixar a região Sul. Entretanto, o grande problema se concentra nos próximos 10 dias, quando a nova onda de calor seguirá em direção ao Sudeste e partes do Centro-Oeste, com predominância de poucas chuvas. “De um lado, isso favorece o andamento da colheita da soja, que está bem atrasado no Cerrado e também o plantio da nova safra de grãos, principalmente do milho segunda safra. Porém, as poucas chuvas e temperaturas muito elevadas, podem atrapalhar o plantio do milho safrinha, que pode ficar um pouco mais atrasado”.

Para o chefe da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, ainda há muitos céticos em relação aos impactos climáticos no campo. “A presença de gases de efeito estufa na atmosfera tem de fato elevado a temperatura do planeta e o que estamos vivendo hoje é um reflexo disso”, comenta. Os eventos climáticos causaram uma tragédia no Rio Grande do Sul e o Paraná, volte e meia, sofre com problemas de seca, na ótica de Nepomuceno.

Segundo ele, a Embrapa tem criado estratégias e orientado o produtor a mitigar esses impactos. “No caso da estiagem, é preciso dedicar atenção ao manejo de solo, plantio direto e rotação de culturas”, indica. “Em uma estiagem forte, a planta tem mais chance de sobreviver”.

Plantio direto é eficiente

Levantamento feito pela Embrapa Soja no Paraná, comprova a eficiência de realizar um bom plantio direito. “Quem adota a prática com regularidade, sofre menos, ao contrário daquele que sequer aplica o plantio direto, levando-o a perder praticamente tudo”.

Outras dicas da Embrapa Soja envolvem o uso dos bioinsumos e tecnologias que facilitem o desenvolvimento radicular. “Há também a genética clássica, transgênica e agora, a edição gênica, com plantar que tiveram o genoma editado e avaliadas como convencional pela CTNBio”. Enquanto o calorão não passa, o jeito é recorrer a essas alternativas e aplicar essas medidas para reduzir o máximo o impacto nas lavouras.