Agronegócio

Enquanto País conquista novo status sanitário, Lula "faz festa" com MST

Durante a certificação do Brasil pela OMSA, Lula confraterniza com o MST em contraste com o agronegócio - Foto: Divulgação
Durante a certificação do Brasil pela OMSA, Lula confraterniza com o MST em contraste com o agronegócio - Foto: Divulgação

Cascavel e Paraná - Enquanto o Brasil recebia nesta quinta-feira (29) a certificação em reconhecimento à conquista de área livre de febre aftosa sem vacinação, durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial dos Delegados da OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), em Paris, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, estava no Paraná, confraternizando com membros do MST (Movimento dos Sem-Terra). Um verdadeiro contrassenso e que escancara de vez a predileção deste governo por um movimento movido por invasões de terra, em detrimento ao agronegócio, esse sim, um setor responsável por uma das maiores fatias do PIB brasileiro, o agronegócio. Nenhuma autoridade de peso representante do governo participou do evento, nem mesmo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

O governo desapropriou área de 10,6 mil hectares da antiga Fazenda Brasileira. O investimento total é de R$ 304 milhões. A área é ocupada pelo MST desde 2003. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, também esteve presente.

Em Paris, estiveram na solenidade de entrega do selo internacional o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins; a vice-presidente da (FPA), Frente Parlamentar da Agropecuária), senadora Tereza Cristina e o presidente da Famasu (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso do Sul), Marcelo Betoni.

O feito coroa uma jornada de mais de 50 anos para erradicar a doença do rebanho nacional. O reconhecimento abre portas para mercados exigentes, como Japão e Coreia do Sul, e fortalece a imagem sanitária do país.

A “escolha” do atual presidente da República gerou manifestações de repúdio de diversos representantes do setor produtivo brasileiro. O presidente interino da FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, manifestou repúdio a visita do presidente a um assentamento do MST, entre os municípios de Ortigueira e Faxinal, no Norte do Paraná. A área de 10.500 hectares era conhecida como fazenda Brasileira e, antes de ser ocupada, servia para a criação de búfalos. Atualmente, com a ocupação dos assentados, a propriedade cultiva grãos, verduras e hortaliças, além da criação de animais.

Repercussão da Visita e Reações do Setor Produtivo

“Em vez de adotar uma postura de diálogo com o setor produtivo, que há décadas reivindica segurança jurídica, o presidente sinaliza apoio a um movimento que promove a invasão ilegal de propriedades”, disparou Ágide Eduardo Meneguette. Lua participou da cerimônia de entrega do Programa Terra da Gente, que ocorrerá no assentamento da comunidade Maila Sabrina, onde mais de 440 famílias serão oficialmente instaladas.

“É indignante para a classe produtora do Paraná ver o presidente visitando um assentamento de sem-terra, enquanto os nossos agricultores vivem uma crise fundiária histórica na região Oeste, marcada por invasões de áreas produtivas por indígenas. Precisamos que o governo federal proponha soluções aos problemas fundiários, e não realizem visitas que passam um recado claro de impunidade aos invasores”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.

Histórico de Invasões e Críticas do Setor Agropecuário

Há décadas, o setor agropecuário do Paraná condena as invasões de terra. Há 15 anos, na edição 1092 da sua revista Boletim Informativo, o Sistema FAEP criticava movimentos como o “Abril Vermelho”, que fazem disparar o número de invasões em todo o País. Na época, a publicação chegou a listar 82 invasões de terra, com os nomes das fazendas e os municípios atingidos por essas ações criminosas.

Nos últimos anos, somente no Paraná, o MST promoveu inúmeras invasões de terras. Em 2014, 5 mil pessoas ligadas ao movimento invadiram áreas produtivas da Fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu, na região Centro-Oeste. No ano seguinte, cerca de 1,4 mil integrantes do MST tomaram a Fazenda Figueira, em Londrina, onde existia um centro de pesquisas da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (FEALQ). No mesmo ano, integrantes invadiram a Fazenda Capão do Cipó, em Castro, nos Campos Gerais, utilizada há mais de 30 anos pela Fundação ABC.

As invasões seguiram e, em 2023, integrantes do movimento interditaram a rodovia PR-170, na região de Guarapuava, agrediram e fizeram reféns dois policiais militares, que estiveram no local para negociar a liberação da estrada.

Reação do Sistema FAEP e Insegurança Jurídica

Em ação recente, em março de 2025, o Sistema FAEP condenou o governo federal por destinar R$ 750 milhões ao MST, gerando insegurança jurídica ao setor agropecuário. “Essa é outra ação descabida por envolver um movimento responsável por invasões de terras. No Paraná, temos inúmeros exemplos de atos violentos, que levam insegurança jurídica aos nossos produtores rurais”, ressalta Meneguette.