Agronegócio

Com seca, produtores pedem declaração de Estado de Emergência

Os números são bastante preocupantes, segundo o vice-presidente do sindicato e consultor agropecuário, Modesto Daga

Com seca, produtores pedem declaração de Estado de Emergência

Cascavel – Um pedido oficial foi protocolado nesta terça-feira (21) no gabinete do prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos, devido à estiagem que está comprometendo a produção agropecuária de Cascavel. O Sindicato Rural de Cascavel solicitou ao prefeito a edição de um “Decreto de Declaração Estado de Emergência”, para que os produtores rurais consigam renegociar seus compromissos sem comprometer sua capacidade financeira.

Com o decreto em mãos, os produtores têm acesso facilitado a renegociação de dívidas, já que existe uma estimativa grande de perdas nas lavouras de soja e de milho, duas culturas que estão amargando o calor excessivo no solo e a falta de chuva que se arrasta há semanas em Cascavel e em diversas cidades do Estado.

Os números são bastante preocupantes, segundo o vice-presidente do sindicato e consultor agropecuário, Modesto Daga. O milho na região de Cascavel e região já está com 70% de quebra de produtividade e a soja, de 20% a 30%. “Se não chover nos próximos 15 dias, aí a quebra será gigantesca”, alertou Daga, lembrando ainda que outros produtores prejudicados serão os de leite e gado de corte, pois o pasto não brotou mais.

 

Estiagem prolongada

O documento protocolado pelo sindicato faz um histórico da problemática da estiagem na região e impacto na agricultura que começou a se agravar no ano passado. Segundo Modesto, em 2020 ocorreu uma das mais duradouras estiagens que se tem notícia, prejudicando o abastecimento de água para a agricultura, pastagens, animais e a população rural.

Já neste ano a situação não é diferente e as dificuldades aumentaram, com a longa estiagem se repetindo, somadas às rigorosas e contínuas geadas, comprometendo as principais culturas, como soja, milho e trigo, e também as pastagens e abastecimento de água.

O documento relata ainda que no final deste ano os produtores sofrem novamente com a falta de chuvas, o que agrava a complexa situação no campo, com desabastecimento de água e perdas significativas nas lavouras no ciclo 2021/2022. Os problemas se multiplicam, as quebras na agricultura são visíveis, o que irá causar enormes prejuízos aos produtores de grãos, como também na pecuária de leite e corte.

Paulo Orso, presidente do Sindicato Rural, acredita que o prefeito Parnahos irá atender à reivindicação. “Não é uma situação fácil, mas é a alternativa que temos de proteger um pouco as finanças das famílias do campo. Aqui em Cascavel ainda estamos melhores, mas se você for para outros municípios, como Toledo, Palotina, Medianeira, está muito pior. Acreditamos que o prefeito irá atender nossa reivindicação”, comentou.

A reportagem do Jornal O Paraná entrou em contato com a Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Cascavel que informou que a Procuradoria Jurídica ainda não recebeu o pedido, que deve estar seguindo os trâmites no gabinete do prefeito.

Segundo dados do Deral (Departamento de Economia Rural) do Paraná, a região de Cascavel tem plantado 21,2 mil hectares de milho dos 429,9 hectares de todo o Estado. Na cultura da soja a área é bem maior, sendo 521 mil hectares em Cascavel, quase 10% do total do Estado que é de 5,48 milhões.

 

Preocupações

O Boletim de Conjuntura Agropecuária, divulgado na semana passada, traz preocupações com os efeitos da falta de chuva, por exemplo, entre produtores de mandioca devido à escassez de umidade no solo. O clima é de preocupação igualmente para os produtores de soja, que já encerraram a semeadura e começam a sentir queda na qualidade das lavouras. Para o milho, o cenário climático também deve afetar a produtividade, ainda que nas principais regiões produtoras a falta de chuva tenha sido mais amena.

Na avicultura, o registro é de crescimento de 4,2% nos abates de frango em âmbito nacional. Foram 4,633 bilhões de cabeças em 2021, contra 4,447 bilhões no ano passado. No Paraná, o abate foi de 1,577 bilhão de aves até setembro, o que representa aumento de 4,6% em relação a 2020.

Nesta quarta-feira (22), o Deral trará uma nova leitura do ciclo da safra paranaense.