Enquanto os casos de diarreia vão se amontoando nas UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) e nos hospitais particulares (estes não contados oficialmente), os responsáveis pela saúde de Cascavel vão batendo cabeça sobre o que pode ser a causa do problema. Mas o que mais surpreende é a forma com que o assunto vem sendo tratado, como se fosse algo sigiloso ou até proibido de se divulgar.
Desde a última sexta-feira (1º) três técnicos do Ministério da Saúde estão em Cascavel para ajudar na investigação. Eles vieram atender ao pedido de ajuda feito pela Secretaria estadual da Saúde. Coletaram amostras de água, agora enviadas para um laboratório em São Paulo. Ainda na sexta-feira pediram às autoridades locais que recomendassem à população para que fervesse a água antes de beber. Isso não foi feito. Nem deve acontecer.
Força-tarefa
Na manhã de ontem houve nova reunião. Desta vez para formar uma “força-tarefa” – como uma funcionária chegou a informar à reportagem. Novamente a dificuldade em se obter informações. As fontes procuradas estavam proibidas (isso mesmo, proibidas) de dar entrevista e somente às 16h57 a Secretaria de Comunicação repassou quem poderia falar sobre o caso, mas que não pôde mais atender porque a agenda já estava cheia.
No início da noite o secretário de Saúde, Rubens Griep, retornou aos pedidos feitos pela reportagem e, em mensagem de áudio, informou que estão sendo analisadas várias opções, reforçou que a população deve redobrar os cuidados com a higiene pessoal (lavar bem as mãos e os alimentos antes de ingerir), mas disse que é “prematuro determinar que as diarreias estejam ocorrendo por meio de micro-organismos por veiculação hídrica” e que “recomendar de maneira maciça à população a questão de filtragem ou fervura da água seria prematuro da nossa parte justamente pelo fato de que as diarreias estão sendo causadas por micro-organismos diferentes”.
Apesar dos vários “prematuros” respondidos ontem, o surto de diarreia se estende desde dezembro do ano passado, ou seja, mais de três meses.
Água do Rio Saltinho contaminada
Uma fonte extraoficial disse à reportagem do HojeNews que já havia sido identificada contaminação na água do Rio Saltinho, utilizada para o abastecimento da cidade, assunto que teria sido tratado na reunião da manhã de ontem na prefeitura.
A Sanepar informou por meio de nota que desconhece se foram feitas análises no Rio Saltinho pelo Ministério da Saúde e os resultados apurados.
Várias causas
Conforme divulgado ontem pela Secretaria de Comunicação, a Divisão de Vigilância Epidemiológica de Cascavel observou nos exames de fezes humanas coletados dos pacientes com diarreia a circulação do protozoário Cryptosporidium sp e a presença de vírus como Norovírus, Rotavírus, Adenovírus, além da presença de bactérias como Shigella e Campylobacter jejuni.
A diarreia líquida e a cólica abdominal são os sintomas mais comuns, seguidos por náuseas, diminuição do apetite, sensação de plenitude pós-prandial, febre e mal-estar. A orientação é procurar ajuda médica.
Conforme a Saúde, na última semana foram registrados 531 casos de diarreia aguda nas UPAs, mas os casos na rede privada não são monitorados nem contados.