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Presidentes de Fla e Flu declaram apoio à torcida mista

Fla, Flu e luta contra torcida única – 03.03Os presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, e do Fluminense, Pedro Abad, concederam entrevista coletiva na manhã deste sábado, nas Laranjeiras, para falar sobre o clássico envolvendo as duas equipes na final da Taça Guanabara, que acontece neste domingo, no Estádio Nilton Santos. Os dirigentes abordaram principalmente a questão da determinação da justiça em que os clássicos devem ser disputados com torcida única. E defenderam a torcida mista como tradição no futebol carioca.

Após uma semana de indefinições sobre o Fla-Flu, o desembargador Gilberto Clovis Matos derrubou a liminar que determinava a torcida única na decisão.

– Estamos contentes com o desfecho. Tivemos atitudes no limite para a torcida ir ao jogo. Isso não é exclusivo ao Flu e ao Fla, mas a todos os clubes. É para manter a tradição de ter as torcidas cantando nos estádios. Isso deve ser preservado. Espero que isso seja constante daqui para frente. Foi um trabalho conjunto com o Flamengo, temos de agradecer ainda ao Eurico e ao Rubens Lopes que nos ajudar – declarou Abad, logo no início da coletiva.

Bandeira usou o mesmo tom e recordou de experiências pessoas como torcedor:

– Fui criado no Maracanã, morava perto, assistia a todos os jogos do Flamengo. Sempre com torcida mista. Sempre fui ao estádio com meus amigos tricolores, vascaínos, botafoguenses e nunca brigamos. A tradição de torcida mista deve ser preservada, faz parte da nossa cultura. O desembargador reconheceu isso para a nossa alegria. Isso nos dá responsabilidade – contou.

O dirigente rubro-negro elogiou a postura do cartola tricolor, citando o fato de o Fluminense ter vencido o sorteio do mando de campo para a final (se o jogo fosse disputado por torcida única, somente os tricolores poderiam ir ao jogo). E disse que o Vasco também está na briga pela causa:

– Temos de manter a ampliar a campanha pela paz nos estádios. Nós merecemos a torcida mista. Quero agradecer a postura do Fluminense, do presidente Abad. Ele foi firme, teve coerência ímpar. Ele poderia ter tido uma decisão após ter vencido o sorteio do mando, mas esteve ao nosso lado. O Flamengo fez o mesmo contra o Vasco, pois o mando era nosso. O presidente Eurico está conosco. Na decisão do desembargador, há a fundamentação. Ele entende que torcida única não é solução e pode gerar problema. Penso assim. Torcida única não garante a segurança fora do estádio. É isso. A campanha da paz vai continuar. Conto com o Fluminense, o Vasco já se manifestou também. Todos devem se engajar – afirmou.

Os presidentes comentaram ainda sobre a demora na venda de ingressos.

– O Estatuto do Torcedor prevê um prazo para a venda. Como a gente aguardou o desfecho judicial, nós seguramos a venda. É natural que haja uma grande demanda na compra. É um efeito colateral menor na venda de uma torcida só. Levamos ao limite a abertura da venda para restaurar o cenário – explicou Abad.

– Os torcedores compreendem que é uma situação atípica. Vai dar tudo certo. Antigamente, não havia venda antecipada, e o estádio lotava. Todos vão compreender – disse Bandeira.

Os dirigentes opinaram sobre o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), proposto pelo Ministério Público, que pretende prever multas em caso de brigas de torcidas que resultem em morte ou lesão corporal.

– O MP tentar propor um TAC sobre torcida organizadas para o clube cumprir fica esquisito. Propor penalidade é pior ainda. O clube não é autoridade para impedir isso. Não é o clube que adota a atitude ilícita. Sem falar na incapacidade de o clube gerar essa situação. O TAC é inadequado – avaliou Abad.

– Apesar de os clubes contestarem os termos do TAC, estaremos à disposição do MP para discutir medidas para coibir a violência. Sempre defendi que a violência seja atacada na raiz, ou seja, nas pessoas físicas que cometes atos ilícitos. Tem de se aplicar as penas para resolver a questão – disse Bandeira.

No fim da coletiva, o presidente do Fluminense fez um apelo pela paz aos torcedores dos dois clubes:

– Se amanhã houver um exemplo de comportamento, sem violência e sem destruição do patrimônio público, o argumento para termos as duas torcidas cresce. Cabe aos torcedores o papel principal. Eles têm de mostrar que isso pode se perpetuar – finalizou Abad.