RIO ? Como no caso da febre amarela, o macaco não é o culpado.
O problema são os mosquitos que transmitem o agente infeccioso. O plasmódio, na
malária; um vírus, na febre amarela. O contato do ser humano com mosquitos e os
micro-organismos transmitidos por eles aumenta à medida que cada vez mais gente
procura áreas silvestres que, por sua vez, encolhem em função de áreas rurais e
urbanas. A Mata Atlântica, reduzida a cerca de 12% da área original, é uma
colcha de retalhos de fragmentos florestais. O Brasil precisa aprender a
conviver com sua biodiversidade, alerta alerta o pesquisador Renato Pereira de
Souza, do Instituto Adolfo Lutz, em São
Paulo. Malária
? Micro-organismos causadores de doenças são abundantes
na natureza. No nosso mundo superpovoado o contato com eles é cada vez mais
frequente, por isso a vigilância é crucial ? observa Souza.
Ele salienta que mais do que nunca áreas protegidas são fundamentais:
? O meio ambiente íntegro reduz o impacto de agentes
nocivos. As grandes florestas prestam um serviço que não costumamos nos dar
conta, o de manter sob controle doenças infecciosas. Os problemas começam a
ocorrer quando há desequilíbrio. O tráfico de animais silvestres é outra
tragédia de saúde pública. Espalha doenças.
O biólogo Adriano Paglia, do Laboratório de Ecologia e Conservação
da UFMG, lembra que os macacos são sentinelas valiosos. Matá-los não resolve o
problema. Ao contrário, piora. Os mosquitos passam a atacar com mais intensidade
o ser humano. E os micro-organismos se adaptam a outros animais com hospedeiros
ou ao próprio ser humano.