Cotidiano

Fillon recebeu parte dos salários de seus filhos, diz jornal

FRANCE-ELECTION_FILLONPARIS ? Os dois filhos do candidato da direita à presidência francesa, François Fillon, que ele havia empregado como assistentes parlamentares entre 2005 e 2007, entregaram parte de seus salários aos pais, informou nesta terça-feira o jornal ?Le Parisien?, em mais um episódio que pode abalar a candidatura do ex-premier. As investigações por suspeita de corrupção levaram Fillon a perder parte de seus aliados, mas ele não desistiu da corrida eleitoral.

De acordo com o jornal, dos ? 46 mil pagos à sua filha, Marie Fillon, de outubro de 2005 a dezembro de 2006, cerca de ? 33 mil foram destinados a uma conta conjunta de seus pais. O advogado de Marie, Kiril Bougartchev, confirmou os valores, indicando que sua cliente quis ?pagar seu casamento, em meados de 2006?, e por isso ?reembolsou os pais?.

? Ela pode fazer o que quiser com o dinheiro que recebe! Se ela quer reembolsar seus pais, é sua escolha. Ela declarou isso espontaneamente aos investigadores que a interrogaram em 9 de fevereiro ? disse o advogado.

Segundo ele, o casal Fillon encontrou, ?dez anos depois?, 14 recibos deste casamento totalizando ? 44 mil euros.

Outro de seus cinco filhos, Charles, que ocupou igualmente o cargo de assistente parlamentar entre janeiro e junho de 2008, recebendo ? 4.846 euros brutos mensais, entregou aos pais cerca de 30% do seu salário líquido.

O advogado de François Fillon, Antonin Lévy, citado pelo ?Parisien?, explica que o dinheiro era referente ao reembolso do aluguel e dinheiro de bolso pago pelos pais.

O ex-premier Fillon, de 63 anos, deve comparecer na quarta-feira ante um tribunal, em vista de um possível indiciamento por supostos desvios de fundos públicos em uma investigação de emprego fictício de sua mulher, Penélope, e dos filhos Marie e Charles.

Os investigadores têm dúvidas sobre o trabalho exercido por sua esposa e filhos, que receberam no total cerca de ? 1 milhão brutos de fundos públicos.

Fillon, que há alguns meses liderava a corrida para o Eliseu, ocupa o terceiro lugar nas intenções de voto no primeiro turno das eleições presidenciais de 23 de abril, atrás do centrista Emmanuel Macron e da líder da extrema-direita Marine Le Pen.