NUREMBERG, Alemanha ? Diante de uma situação na qual a maior parte dos solicitantes de asilo na Alemanha entra sem documentos, o Ministério Federal de Migração e Refugiados (BAMF, na sigla original) anunciou que vai testar um novo sistema que examina vozes dos imigrantes para confirmar se eles realmente são de onde afirmam vir. O software reconhece o dialeto daqueles que buscam asilo, o que ajuda a determinar o país de origem de cada um.
A iniciativa ajudará a identificar os imigrantes que alegam ser sírios para aumentar suas chances de ficar no país ? uma forte preocupação das autoridades alemãs, que vêm rejeitando imigrantes ilegais que não sejam vítimas da guerra. Muitos dizem ser da Síria, mas seriam, na verdade, de nações do Norte da África e do Oriente Médio, de acordo com o tabloide inglês ?Daily Mail? ? que também afirmou que uma a cada duas pessoas é registrada duas vezes no sistema de imigração alemão.
Segundo um porta-voz do BAMF, o novo sistema vai complementar os métodos já usados para verificar as identidades dos refugiados.
? A ideia é gravar uma amostra separada da fala dos refugiados solicitantes de asilo, e daí executar uma análise automática do dialeto ? disse Julian Detzel, porta-voz do Departamento Estratégico de Digitalização, Programação e Gerenciamento de Tecnologia de Informação do ministério.
O programa, no entanto, não substituirá nenhum etapa do processo de imigração, apenas servirá de auxílio na identificação da origem dos imigrantes. Isso porque, desde 2015, 60% dos pedidos de asilo não apresentam documentos de identificação válidos ? o que faz que seja necessária a intervenção de especialistas em línguas. No ano passado, ao menos 1.405 análises de linguagem foram encomendadas pelo escritório de imigração ? 431 solicitações a mais que em 2015.
O software, que se baseia na mesma tecnologia usada em bancos, deve começar a ser testado nas próximas duas semanas. Porém, seu uso oficial no processo de imigração está previsto somente para 2018.